“…A visibilidade "inclusiva" das religiões afro-brasileiras, marcadamente no âmbito das festas populares e na cultura de rua das baianas de acarajé, configura uma cultura patrimonializada (Tavares et al, 2018) que caracteriza o espaço público religioso de Salvador. No entanto, pode-se dizer que essa cultura baiana é o resultado mais ou menos estável das controvérsias religiosas que se desenrolam há décadas e que marcam diferentemente as festas de largo, na forma de "agenciamentos afrocatólicos, por vezes transmutados em 'cultura baiana'" (Ramos;Tavares, 2020, p. 231). A Festa de Santa Bárbara, de Iemanjá e a Lavagem do Bonfim (essa última apresenta maior "instabilidade religiosa" até hoje) consolidaram-se como manifestações afro-brasileiras a despeito As controvérsias religiosas também se estendem para além das festas de largo -a arena pública sendo atravessada por conflitos de ampla visibilidade, além das disputas cotidianas, interpessoais e de vizinhança, e coletivas, em questões religiosas, de saúde, educação, fundiária etc.…”