O artigo propõe uma síntese entre a abordagem objetiva do conceito de paisagem, característica da geografia física, e a subjetiva, compartilhada pelo senso comum e abordagens históricas, econômicas e sociais. A síntese se dá por meio da filosofia da técnica de Simondon, ressaltando o caráter relacional da subjetividade, e sublinha a multiescalaridade cronológica do espaço apreendido como paisagem: tempos geológico, biológico, histórico e afetivo-emotivo. Por meio do mito Yanomami do Iwari, em que os humanos adquirem o fogo, mostramos como o gesto técnico de inscrição de sentido, em todas essas escalas, está na gênese da tradução do espaço como paisagem.