resumoEste artigo apresenta a noção de valor aplicado à análise da moeda, elaborada por Nicole Oresme, em 1355, e Nicolau Copérnico, em 1526. Mostramos que, para os autores, o valor da moeda deve ser estável e determinado pela comunidade em atividades de compra e venda. Também mostramos como esses autores opõem-se à instabilidade do valor, especialmente a desvalorização promovida pelo governante. Argumentamos que ambos os autores criam sistemas de medição e controle do valor da moeda em tempos de turbulência monetária. De acordo com Oresme e Copérnico, a instabilidade no valor da moeda não só mantém o comércio distante, em outros reinos ou repúblicas, mas também revela a má conduta do príncipe, aquele que é investido de autoridade política e monetária nas sociedades europeias dos séculos xiv e xvi.Palavras-chave • Moeda. Valor. Usura. Autoridade política. Proporções. Aristotelismo. Oresme. Copérnico.
IntroduçãoNicole Oresme, no século xiv, e Nicolau Copérnico, no século xvi, sustentavam que a moeda é um meio de equalização das sociedades humanas por permitir que pessoas de ocupações e status social distintos alcancem uma equalização de seus interesses a partir das trocas de bens de valor desigual (cf. Custódio, S. 2015). A moeda é investigada por esses autores como o meio mais eficaz para que tal equalização possa ser denominada justa. O atributo "justo" indica que a moeda permite a obtenção de um sistema de troca, no qual o preço é determinado pela necessidade comum da comunidade e por estimativa.Não deve ser objeto de estranhamento que Oresme, filósofo e teólogo, tenha interesse pelo tema do valor e da circulação da moeda (cf. Duns Scotus, 1894, l. 4, p. 317a). Tais questões certamente apareceram em sua vida cotidiana, seja porque em 1355 ou em 1356 foi eleito grão mestre do Colégio de Navarra, tendo que lidar com responsabilidades administrativas e financeiras, seja porque, entre 1355 e 1360, tenha vivido em uma época de grandes desvalorizações da moeda e consequente realinhascientiae zudia, São Paulo, v. 13, n. 4, p. 731-57, 2015 731 artigos http://dx