Tipos de Tempo Associados a Eventos Diários de Chuva Intensa na Cidade de Recife – PE, Brasil

Abstract

O presente estudo teve como objetivo caracterizar os tipos de tempo associados aos eventos intensos de chuva na cidade de Recife, identificando suas frequências e os mecanismos dinâmicos que explicaram suas gêneses. Para tanto, dados climáticos locais de superfície foram relacionados aos padrões sinóticos regionais. A Análise de Componentes Principais e Análise de Agrupamento hierárquica foram aplicadas para a identificação de grupos de dias homogêneos quanto aos dados atmosféricos horários de superfície. Para cada grupo foi apresentada a frequência mensal de ocorrência e analisaram-se, a partir de cartas sinóticas e imagens de satélite, os padrões atmosféricos referentes aos dias típicos. Foram identificados três grupos de tipos de tempo associados à ocorrência de chuvas intensas. O grupo 1 representou 79% dos eventos intensos (com maior registro no outono), o grupo 2 correspondeu a 9% das ocorrências (com maior incidência no inverno) e o grupo 3 a 12% das chuvas intensas (com concentração nas estações do verão e outono). Os tipos de tempo mais frequentes estiveram relacionados ao deslocamento de cavados barométricos no campo dos ventos alísios, a partir do fortalecimento do escoamento de leste relacionado ao Anticiclone Semifixo do Atlântico Sul. Ressalta-se que a intensidade dos eventos de chuva foi explicada pela interação entre sistemas de circulação sinótica, de mesoescala e de escala local.

Dinâmica climática, eventos extremos e impactos associados no município do Jaboatão dos Guararapes, Pernambuco, Brasil

“…Além destes, destacam-se os trabalhos desenvolvidos por Souza (1998), Farias, Alves e Nóbrega (2012) e Duarte, Nóbrega e Coutinho (2015), que utilizaram a técnica do Quantis baseados em Xavier, Silva e Rebello (2002) para análise dos extremos de chuva na costa Leste do Nordeste (ENE). Os impactos associados aos eventos intensos de chuva nas capitais litorâneas como Recife -PE, Fortaleza -CE, São Luís -MA, e Sergipe -AL foram ainda explorados por Nóbrega e Farias (2016), Wanderley et al (2018), Santos, Cabral e Girão (2019), Garces Júnior (2020), Silva e Oliveira (2017) e Wanderley et al (2021).…”

“…Em estudo realizado por Wanderley et al (2021) foram identificadas características a nível local, em superfície, e sinóticas regionais de mecanismos atmosféricos moduladores de precipitação pluvial na cidade do Recife, a partir de sua sazonalidade. Os autores identificaram um maior registro de eventos intensos no outono (79%), devido, principalmente, ao deslocamento dos cavados barométricos no campo dos ventos alísios, formados na circulação de leste do Anticiclone do Atlântico Sul (ASAS), ou seja, os Distúrbios Ondulatórios de Leste.…”

“…Os autores identificaram um maior registro de eventos intensos no outono (79%), devido, principalmente, ao deslocamento dos cavados barométricos no campo dos ventos alísios, formados na circulação de leste do Anticiclone do Atlântico Sul (ASAS), ou seja, os Distúrbios Ondulatórios de Leste. Outros sistemas produtores de tempo destacados pelos autores, atuantes no verão e outono, foram os VCANs e a ZCIT, respectivamente (Wanderley et al, 2021).…”

“…No contexto de sua climatologia, de acordo com a classificação de Köppen-Geiger, o município é caracterizado pela tipologia As' (Clima Tropical com chuvas no inverno). Desta feita, destaca-se primordialmente, os Distúrbios Ondulatórios de Leste, que em conjunto com a brisa marítima, modulam a maior parte do volume de chuva da estação chuvosa (Nóbrega e Farias, 2016;Wanderley et al, 2021), ou seja, entre os meses de maio e agosto. O período seco se caracteriza pela diminuição do volume pluviométrico mensal e vai do mês de setembro a novembro, enquanto de dezembro a abril os meses são caracterizados como uma transição entre períodos distintos.…”