Análise de tendência de mortalidade por sepse no Brasil e por regiões de 2010 a 2019

Abstract

OBJETIVO Caracterizar o perfil dos pacientes internados e a tendência de mortalidade por sepse no Sistema Único de Saúde (SUS), em todo Brasil e em suas regiões separadamente, entre os anos de 2010 e 2019. MÉTODOS Estudo observacional, analítico e retrospectivo de dados secundários obtidos por consulta ao Sistema de Informação Hospitalar. Foram incluídas todas as notificações por septicemia admitidas entre 1 de janeiro de 2010 e 31 de dezembro de 2019. Utilizou-se as variáveis sociodemográficas: sexo, idade, raça, região e unidade federativa de residência. Para a análise dos dados, utilizou-se coeficiente de mortalidade e de internação, risco relativo e regressão por Joinpoints. RESULTADOS Totalizaram-se 1.044.227 casos de sepse no país, perfazendo um coeficiente de prevalência média de 51,3/100 mil habitantes. Foram registrados 463 mil óbitos por sepse, com coeficiente médio de 22,8 óbitos/100 mil habitantes. As maiores taxas ocorreram entre os idosos, de raça parda e não houve uma diferença significativa entre os sexos. A Região Sudeste foi responsável pelo maior índice de internação e óbitos. Observou-se uma tendência geral de aumento da mortalidade no período estudado. CONCLUSÃO Cabe considerar a heterogeneidade do Brasil, no que concerne às características socioeconômicas e demográficas e às diferenças de investimento em saúde e de subnotificações entre as regiões, a fim de entender o traçado epidemiológico da doença. Por fim, é necessário correlacionar esses achados com demais estudos, buscando entendimento do comportamento da doença e embasamento para políticas públicas e privadas, com intuito de diminuir a expressividade de casos e óbitos por sepse no país.

Perfil epidemiológico das internações por sepse no Brasil entre 2017 e 2021

“…Nesse sentido, este estudo encontrou uma redução de 1,71% na taxa de mortalidade hospitalar entre 2017 e 2019. É válido mencionar que esse achado contrasta com o de Almeida et al (2022), o qual mostra que a taxa de mortalidade por sepse aumentou de maneira acentuada no período de 2010 a 2019. Tal disparidade pode ser devido à análise de diferentes tipos de mortalidade entre os dois estudos, visto que no dos autores anteriormente citados calculou-se a mortalidade de sepse relativa à população idosa em geral, enquanto que o presente estudo analisou a taxa de mortalidade hospitalar (número de óbitos hospitalares relacionados ao quantitativo de internações).…”

“…Entretanto, diferindo do descrito anteriormente, o perfil da taxa de mortalidade por sepse no período foi de mulheres da raça/cor preta com idade igual ou maior que 80 anos e residentes no Sudeste do país.Nesse contexto, o maior quantitativo de internações foi encontrado na região Sudeste, com 51,39% dos casos. Esse resultado se encontra de acordo com outro estudo, que também analisou as internações por sepse nas regiões do Brasil entre 2010 e 2019, o qual afirma que cerca de 51,56% das internações nesse período aconteceram no Sudeste(Almeida et al, 2022). Esse fato pode ser justificado em razão dessa região ser a mais populosa do país e, portanto, concentra um número significativo de idosos, os quais formam a parcela da população mais acometida de sepse.De forma semelhante, a região do país com maior quantitativo de óbitos pela doença também foi a região Sudeste.…”