A produção socioambiental da malária em três municípios da região de Carajás, Pará, Brasil

Abstract

OBJETIVO Analisar a produção ambiental da malária nos municípios de Marabá, Parauapebas e Canaã dos Carajás, no Pará, entre 2014 e 2018. MÉTODOS Estudo ecológico e transversal a partir de dados epidemiológicos do Sistema de Informações de Vigilância Epidemiológica da Malária, da Secretaria de Saúde do Estado do Pará. Foram utilizados também dados cartográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e ambientais do projeto TerraClass, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). As análises estatísticas utilizaram o cálculo de percentuais e o teste qui-quadrado e as espaciais as técnicas de Kernel e de Moran global bivariado (I). RESULTADOS Foram analisados 437 casos confirmados de malária, na área e periodo de estudo. O maior percentual de casos ocorreu em indivíduos do sexo masculino, adultos, morador da zona rural, com atividades de garimpagem e agropecuária, sendo o Plasmodium vivax a espécie de maior frequência e o diagnóstico mais utilizado a gota espessa/esfregaço. A distribuição da malária não ocorreu de forma homogênea, com evidências de dependência espacial entre áreas com ocorrência de casos e diferentes tipos de uso da terra. Foram observadas também autocorrelações espaciais relacionadas à alta variabilidade dos tipos antropismos, ocorrida nos municípios. CONCLUSÃO A produção ambiental da malária está associada principalmente à pastagem e à mineração, antropismos relacionados às formas de uso e ocupação da terra nos municípios estudados. As tecnologias de análises de dados espaciais em saúde foram satisfatórias para a construção do cenário epidemiológico da doença.

Malaria and environmental, socioeconomics and public health conditions in the municipality of São Félix do Xingu, Pará, Eastern Amazon, Brazil: An ecological and cross-sectional study

“…Second, the ecology of the disease vectors, which show great environmental adaptation, including in areas affected by deforestation. This situation may have resulted in an increase in population density and transmissibility of this pathogen in the municipality, as shown in other studies in the Amazon region 11,19,27,28 . The laboratory identification of medium-risk malaria transmission in the Taboca and Ladeira Vermelha administrative districts may be related to the high density of cases in the localities of São Raimundo, Pista da Liberdade, Solar das Águas, and São Francisco.…”

“…The fact that the disease was significantly higher in male individuals at a productive age (19-59 years) may be related to work under unhealthy conditions performed by adult men. This work also involves the lack of use of individual protection (such as repellent and appropriate clothing), especially in illegal mining areas and ranching, which exposes these workers to factors associated with various infectious diseases, such as malaria 7 , 11 , 19 .…”

“…This implies limitations in terms of access to and appropriate knowledge of the disease, which might otherwise be obtained in a school environment and health programs, that is, information on its forms of transmission, diagnosis, and treatment. It also influences the perception of individuals who are infected or exposed to the risk of infection due to environmental factors 11 , 19 .…”

“…This has been aggravated over the last few decades due to the intense migration of people to work in these activities 5 , 6 , 8 . This population group presents socioeconomic vulnerabilities, notably precarious housing and basic sanitation conditions, which are factors associated with the disease due to constant exposure to the mosquito vector in such areas where transmission chains are developed and maintained 19 , as was observed during fieldwork.…”

Alterações ambientais e malária na região amazônica brasileira

“…Associa-se há muito tempo, que a malária é uma doença relacionada à mineração e extrativismo, que comporta uma intensa modificação e transformação nas estruturas dos recursos dos ecossistemas, pois tratam-se de atividades que promovem o aumento do desmatamento, se localizam em regiões de difícil acesso, com precárias condições de moradia, alimentação e saneamento básico, o que contribui com condições que favorecem a formação de novos criadouros e maior exposição ao mosquito transmissor (Gomes et al, 2020;Pereira et al 2021;Bauhoff e Busch, 2022;Brasil, 2022b;).…”