Os escritos missionários, redigidos nos séculos XVII e XVIII na Amazônia portuguesa, apontam diversas agências de mulheres indígenas no interior dos aldeamentos. O artigo visa analisar as relações que envolveram as índias e o religiosos enquanto dois agentes-chave na construção do mundo colonial amazônico. Uma leitura nas entrelinhas das fontes jesuíticas, sobretudo dos escritos de João Felipe Bettendorff e João Daniel, possibilita perceber as negociações, ressignificações e embates no âmbito dos aldeamentos que contaram com participação feminina. Focando em aspectos centrais e, ao mesmo tempo, complexos, como sexualidade, matrimônio, trabalho, transmissão de saberes e poder, evidenciam-se o protagonismo e a identidade das mulheres indígenas dentro do sistema de aldeação.