Este artigo analisa a produção de uma novidade em escritos sobre a história nos anos 1920, ou seja, antes da criação de faculdades de História no Brasil e posterior profissionalização dos historiadores. O objetivo é mostrar que a categorização das obras em uma genealogia de teorias, métodos e autores normalmente tidos como historiadores (de ofício ou não) e que hoje compõem uma visão de “evolução” da disciplina é insuficiente para abarcar as complexidades envolvidas na eleição de uma obra como novidade. Dessa forma, tomou-se como fio condutor o livro Vida e morte do bandeirante, de José de Alcântara Machado de Oliveira (1875-1941), publicado em 1929, e sua relação com outros autores que escreviam sobre a mesma temática no mesmo período. Ao se cotejar esses autores “em uma concorrência”, analisar as críticas de recepção da obra e relacioná-la com outros livros sobre o passado paulista, pode-se compreender que a novidade se expressou mais pela forma da escrita, pela aproximação a uma tendência já existente de relatos de curiosidades sobre o passado e pela relação com o direito, do que pelo apego a métodos historiográficos ou distanciamento deles. Trazer tudo isso para o debate permite, assim, compreender melhor as relações estabelecidas entre autor, obra, seus leitores e o espaço intelectual paulista dos anos 1920.