RESUMO:Durante o período ditatorial brasileiro, a literatura, assim como outras manifestações artísticas, se configurou como um importante instrumento de resistência porque os autores valeram-se da ficção para combater a repressão e denunciar os efeitos das violências cometidas pelos militares. Nesse contexto, o engajamento do escritor, Sartre ( 2004), é essencial para que se represente a sociedade por meio da palavra e esta se configure eticamente como resistência, pois como demonstra Bosi (1996) este é um conceito muito mais ético que estético. Neste trabalho, buscamos analisar como as narrativas de Maria Amélia Mello ficcionalizaram o contexto político trazendo luz ao nefasto período histórico que marcou a sociedade brasileira. Em Mello, isto é feito pela segunda história que se deslinda nas entrelinhas da primeira história, de acordo com Ricardo Piglia (2004). Os contos trabalhados neste artigo, "Free-way" e "Viajante" evidenciam que as marcas da Ditadura perduram, ecoando como gritos contestatórios diante da realidade.