Natureza incomum: histórias do antropo-cego

Abstract

RESUMO• O aumento do consumo de minerais e e ne r g i a le vou a u m a dest r u ição se m precedentes do que conhecemos como natureza e dos recursos a ela associados, geralmente localizados em territórios habitados por grupos indígenas que reagem politicamente a essa destruição, somando forças com movimentos que pr otest a m cont ra a de va st ação do meio ambiente. Conceituando uma política radica lmente diferente como "natureza incomum", a autora apresenta o que chama de "antropo-cego": um processo de criação de mundo por meio do qual mundos heterogêneos que não se fazem com uma divisão entre humanos e não humanos são obr igados a operar com essa dist inção, ao mesmo tempo que a excedem.• PALAVRAS-CHAVE • Antropoceno; antropo-cego; comum; humanos; não humanos.• ABSTRACT • Inc r ea si ng consumption of minerals and energy has led to an unprecedented destruction of what we know as nature and natural resources, usually located in territories inhabited by indigenous groups who respond politically to this destruction, joining movements that protest the destruction of the environment. Conceptualizing a radically different politics a s "u ncom mon i ng n at u r e", t he aut hor presents what she calls the "anthropo-notseen": a worldmaking process through which heterogeneous worlds t hat do not make themselves through the division between humans and nonhumans are both obliged into that distinction and exceed it. •

Social Sciences in One Health: Insights From Multiple Worlds Perspectives on the Dam Rupture in Brumadinho-Brazil

“…In that respect, a category of perspectivism arises called equivocations (Panel 1), which emerges when different worlds use the same term to refer to different things. Because these equivocations are a result of a communicative relationship between different worlds, they express an ontological relationship and not an epistemic misconception (43).…”

“…Equivocation: Concept introduced by the anthropologist Eduardo Viveiros de Castro -in the Perspectivism theorythat seeks to explain the mode of communication between Amerindian inhabitants (human and non-human) in the Brazilian Amazon. The term refers to the "referential alterity between homonymic concepts", or the "mode of communication par excellence between different perspectival positions" (43,45). See more in section Anthropology: When Assumptions are not Common -or the Same -Among Worlds of this current article.…”

Regeneración en la desembocadura del río Doce. Experiencias y colaboraciones en el contexto del desastre en la costa norte de Espírito Santo, Brasil

“…Las dinámicas presentes en la construcción, mantenimiento, disrupción y despliegue de presas mineras de hierro, pueden dialogar con análisis que dinamizan las relaciones del Antropoceno. Un ejemplo de ello lo propone De La Cadena (2018), quien presenta las consecuencias ambientales de la explotación en los modelos de extracción vigentes en América Latina, así como las formas de resistencia presentes en los territorios que involucran moradores en disputa con grandes empresas, señalando los conflictos ontológicos presentes en este proceso.…”

“…Por otro lado, el coletivo Aliança Rio Doce busca mirar el territorio y sus posibles relaciones, pretendiendo caminos libres del modelo con el que se establece la minería (De La Cadena, 2018), O extrativismo se deparou com uma oposição implacável que articula, de maneira complexa e irregular, alianças inesperadas em demandas heterogêneas de uma vasta gama de coletivos. Centralmente e em toda a sua complexidade diversa, a aliança desafia o monopólio do Estado e das corporações a criar, habitar e definir a natureza -e, às vezes, o desafio que ela representa toca os nervos dos estados que produzem o sentimento de que a soberania sobre os territórios que governam é desafiada, e que suas esperanças de crescimento econômico (colocadas sobre o extrativismo) são comprometidas (De la Cadena, 2018: 105).…”

Sinzhi warmiguna: notas sobre política e gênero entre as/os Sarayaku Runa

“…Porém, gostaria de sugerir que este não me parece ser o caso. A importância dada à capacidade -aqui, das mulheres -de fazerem "coisas" a partir de seus corpos-terra, eles mesmos matrizes de transformações, não parece estar fincada em uma aproximação das mulheres ao polo da natureza porque corpo, mulher e natureza, aqui, podem ser apenas parcialmente o que está em jogo ou podem ser "excedidos" (exceeded) (de la Cadena 2015(de la Cadena , 2018. Como já previram outras/ os antropólogas/os, os regimes de socialidade indígena se assentam sobre os corpos e os processos corporais, cuja existência e evolução dependem da agência humana (e provavelmente "mais que humana" também), e não em leis impessoais da "natureza" (Belaunde 2005(Belaunde , 2006McCallum 2001McCallum , 2013Overing 1986;Viveiros de Castro 2015).…”