O Projeto Ruas de Histórias Negras e a representação da matriz africana em Campinas: a disputa do território urbano – um estudo de caso

Abstract

O artigo tem como objetivo apresentar um resumo do estudo de caso do Projeto Ruas de Histórias Negras, que buscou evidenciar, através do levantamento de alguns monumentos, praças e ruas que receberam nomes de personagens negros, a presença da matriz africana na cidade. Campinas, como a maioria das vilas consolidadas durante a colônia com grande número de escravizados, acabou por desenvolver estratégias para a manutenção da ordem contra revoltas e fugas de escravizados, que influenciaram e acarretaram um processo permanente de apagamento da percepção dessa presença da matriz africana no espaço urbano. Nos últimos anos tornou-se mais acirrado o processo de reterritorialização desse espaço com novas iniciativas, ações e a participação de coletivos ligados a essa matriz.

Racialised regimes of remembrance: The politics of trivialising and forgetting the murders of Black children in Brazil

“…Even in the preservation of urban structures and Black history landmarks, dozens are the points of interest that have been completely abandoned by the state. Martins and dos Santos Júnior (2017) argue that ‘what is chosen to be preserved is part of a project on identity and collective memory’ (p. 37) and in Brazil, even street names reveal the neglect of Black history, as Black personalities are systematically forgotten in this form of historical perpetuation. This systematic forgetting of Black personalities and Black history can be reflected under the umbrella of the concept of ‘unthinkable history’, explained by Trouillot (2015) to elaborate on history and silence.…”

Alianças, encontros e margens

“…479 Cf. : Maciel, 1985: Maciel, , 1997Pirola, 2012;Lemes, 2015;Ribeiro Martins, 2016;Domingues, 2008b;Giesbrecht, 2011a. 480 Para um panorama da migração no Brasil a partir dos anos 1950, cf.…”

“…632 Cf. : Maciel, 1997;Domingues, 2007aDomingues, , 2008aDomingues, , 2008bSilva, 2012;Ribeiro, 2016;Sotero, 2015. Para uma lista das organizações e grupos em Campinas do pós-abolição à década de 1930de , ver: Maciel, 1997.…”

“…: Parés, 2007. 704 A tese de doutorado de Alessandra Ribeiro Martins (2016) é uma excelente síntese dos esforços reconstrutivos nesse sentido, reunindo e discutindo uma grande quantidade de espaços e práticas que atualizam esse passado e auxiliam no preenchimento dos hiatos ainda verificados no "passado negro" da cidade.…”

“…705 O ápice do "projeto de higienização da cidade", como nomeia TC, 706 se dá ao longo da década de 1950 e 1960, quando Apesar da dispersão habitacional e da perseguição a uma série de formas de sociabilidade negra que caracterizam os processos de reordenação da cidade iniciados no fim da década de 1930, TC sinaliza que o centro da cidade e o bairro Cambuíprincipais áreas "higienizadas" nesse processomantêm, até os anos 1970, a concentração de clubes, bailes e atividades culturais voltadas à população negra. Em outras palavras, essas falas indicam que a 705 Para uma perspectiva acerca das condições de vida da população negra no pós-abolição, em especial o processo de dispersão e "limpeza" do centro, como ficou conhecido, e a construção da presença negra como um problema social, ver : Maciel, 1985;Giesbrecht, 2011aGiesbrecht, , 2011bRibeiro, 2016;Helene, 2019. 706 Fala Antônio Carlos Silva (TC), na RC Memória do movimento negro em Campinas, MIS (Diário de Campo, 17/09/2017).…”