Introdução: O perfil da mulher vítima de violência sexual deve ser conhecido para elaboração de medidas preventivas.Objetivos: Avaliar o perfil epidemiológico e a aplicação do protocolo de atendimento para mulheres vítimas de violência sexual nos casos acolhidos no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie (HUEM), em Curitiba-PR.Metodologia: Foram avaliados os dados da Ficha de Violência Interpessoal/Autoprovocada de mulheres com idade maior ou igual a 12 anos, acolhidas no serviço de atenção à vítima de violência sexual do HUEM em Curitiba-PR, entre janeiro de 2015 a dezembro de 2018. Foram buscados dados sociodemográficos da vítima, da ocorrência em si, clínicos e laboratoriais, sobre o provável autor da violência e sobre o retorno ao serviço.Principais resultados: Foram estudadas 252 vítimas de violência sexual. No período, a idade das vítimas nos anos 2015 e 2016 (mediana de 19 anos) em relação aos anos 2017 e 2018 (mediana de 17 anos) reduziu de forma significativa (p=0,026). Já a escolaridade não influenciou a violência sexual (p=0,64) e ser solteira conferiu maior risco (p<0,0001; OR=16,1). O horário noturno foi o de maior risco (p<0,0001; OR=3,5). Dentre as vítimas com idade entre 12 e 18 anos, 63,6% dos agressores são conhecidos e nas maiores de 18 anos, 70,8% dos agressores são desconhecidos (p<0,0001). Observou-se que 46% das vítimas não retornaram para nenhuma das consultas previstas e apenas 1,6% cumpriram o protocolo de acompanhamento.Conclusão: No período estudado, a redução significativa da idade apontou uma mudança no perfil demográfico da mulher vítima de violência sexual. Mesmo em um serviço de referência, a taxa de retorno ainda é muito baixa e são necessárias medidas para aumentar a adesão ao protocolo.