Da colonialidade do ver ao cinema indígena: apontamentos sobre a (contra)colonialidade em Abya Yala

Abstract

Qual é o mundo histórico (re)elaborado pelas cinematografias indígenas à contrapelo aos regimes de visualidade constitutivos da colonialidade do ver sobre os povos originários de Abya Yala? Analisamos a (des)construção imagética do Outro, a partir dos estudos pós-coloniais, antropológicos e de cinema. Focamos nas formas visuais da iconografia, da fotografia e do filme, tensionadas pelo cinema indígena por um processo de reversão formal que enseja outras variáveis históricas. Concluímos que o cinema originário se apresenta em contraposição às perspectivas antropométricas da pintura, da fotografia e do filme etnográfico, com operações de contracolonialidade identificadas em obras de Vincent Carelli, Ana Vaz e Paloma Rocha e Luis Abramo; de Takumã Kuikuro (Alto Xingu), Luis Tróchez Tunubalá (Misak), Francisco Huichaqueo (Mapuche), Álvaro e Diego Sarmiento (Quéchua) e do Coletivo Guajajara (Jocy e Milson).

Domains of Indigenous Cinema: the problematic of the subject revisited

“…If there is no boundary between the purely formal and the purely real, we look for the cracks in order to reflect on original cinematographies, because self-referentiality is the contribution to how historical agents constitute themselves as subjects in cinema. This is a question that has been at the forefront of our research into indigenous cinema for some time, and recurs in our reflections when, more recently, for example, we (re)positioned the indigenous subject of the camera on the stage of history and cinema, as opposed to the colonial parametrization of the Other through the visuality regimes of modernity/Westernism -founded on iconography, anthropometric portraits and the classic ethnographic film (Felipe, 2023).…”

“…As we have pointed out elsewhere, those who film, what they film and who is filmed -the three dimensions of the reverse filmic pragmatics of indigenous cinema -belong to the same documentary locus (Felipe, 2023). Therein, an issue arises, because when the mirrors are reversed, the subjectobject relationship is reversed (?…”

Domínios do Cinema Indígena: a problemática do sujeito revisitada

“…Como já pontuamos em outro momento, quem filma, o que filma e quem é filmado -as três dimensões da pragmática fílmica reversa do cinema indígena -pertencem ao mesmo lócus documental (Felipe, 2023). Aqui, portanto, uma problemática se impõe, pois, ao inverterem-se os espelhos, inverte-se a relação sujeito-objeto (?…”

“…Presença, Porto Alegre, v. 14, n. 1, e134450, 2024. Disponível em: http://seer.ufrgs.br/presenca 6 história e do cinema o sujeito indígena da câmera em contraponto à parametrização colonial do Outro pelos regimes de visualidade da modernidade/ocidental -fundados na iconografia, nos retratos antropométricos e no filme etnográfico clássico (Felipe, 2023).…”