2022
DOI: 10.11606/1678-9857.ra.2022.192829
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A História de Carolina. Um estudo de caso sobre a difusão de um mito no Sudoeste Amazônico

Abstract: Um povo pode desaparecer, mas não uma história. Isso foi o que ocorreu com um mito kuniba, narrado a Nimuendaju por Carolina, em uma situação de remoção forçada promovida pelo Estado brasileiro no começo do século XX. O mito em questão falava da origem da lua, ocasionada pelo incesto de um irmão com uma irmã. Até o começo do século XX, povos vizinhos dos Kuniba, como os Cashinahua e os Kanamari, tinham narrativas muito distintas sobre a origem da lua. No entanto, ao longo do século, com a partida dos Kuniba, o… Show more

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“…Essas transformações são "recolhimentos" das sínteses encarnadas por um mito/povo particular, então ausente, no interior dos mitos/povos vizinhos que permanecem: quando a diferença é banida por eventos históricos particulares, o mito recolhe e amplifica essa diferença. Máquina de produção dessas sínteses, o mito é a passagem necessária para a reestabilização do sistema translocal, que se utiliza da variabilidade intrínseca aos mitos "como uma forma de diferenciação num nível cosmológico" (Gow, 2022). A constituição da interioridade social não se faz senão pela diferença externa; a "separação" não se dá segundo um modelo genético, em que a diferença aumenta à medida em que se afasta temporalmente de uma origem comum (Gow, 2022).…”
Section: Os Artigos Reunidosunclassified
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“…Essas transformações são "recolhimentos" das sínteses encarnadas por um mito/povo particular, então ausente, no interior dos mitos/povos vizinhos que permanecem: quando a diferença é banida por eventos históricos particulares, o mito recolhe e amplifica essa diferença. Máquina de produção dessas sínteses, o mito é a passagem necessária para a reestabilização do sistema translocal, que se utiliza da variabilidade intrínseca aos mitos "como uma forma de diferenciação num nível cosmológico" (Gow, 2022). A constituição da interioridade social não se faz senão pela diferença externa; a "separação" não se dá segundo um modelo genético, em que a diferença aumenta à medida em que se afasta temporalmente de uma origem comum (Gow, 2022).…”
Section: Os Artigos Reunidosunclassified
“…Máquina de produção dessas sínteses, o mito é a passagem necessária para a reestabilização do sistema translocal, que se utiliza da variabilidade intrínseca aos mitos "como uma forma de diferenciação num nível cosmológico" (Gow, 2022). A constituição da interioridade social não se faz senão pela diferença externa; a "separação" não se dá segundo um modelo genético, em que a diferença aumenta à medida em que se afasta temporalmente de uma origem comum (Gow, 2022). Os mitos nunca são um comentário ou uma autodescrição da forma social comunitária no bojo da qual é enunciado, ainda que sejam "primeira e principalmente fenômenos de parentesco" (Ibidem).…”
Section: Os Artigos Reunidosunclassified