O sucesso e a crise da onda identitária no Brasil

Abstract

Os experimentos inspirados pelo multiculturalismo e as práticas culturais ao redor das medidas de ação afirmativa tiveram seu momento de glória no período 2002-2016, dentro de uma nova configuração que criou oportunidades para um momento identitário centrado na valorização, na patrimonialização e no reconhecimento de formas culturais subalternas, oriundas de grandes setores da sociedade historicamente discriminados. Este ensaio avalia os termos-chave e algumas das dinâmicas desse processo, para logo identificar alguns novos pontos de inflexão que têm levado a uma crise dele, gerada tanto pelas próprias fraquezas internas ao processo quanto pelo perigoso ataque conservador ao ideário multiculturalista e ao direito à diversidade.

Os Sound Systems e os jovens das periferias de São Paulo: afirmando identidades e ampliando circuitos

“…E geram, conforme também apontaram Takeiti e Vicentin 4 , processos de subjetivação nos quais, por meio da territorialização, o estigma do jovem negro, periférico e pobre dá lugar ao orgulho de ser da periferia e atuar na resistência às opressões, em busca da libertação. Importa lembrar que o acionamento identitário pela arte e pela cultura nas periferias está integrado a um debate mais amplo, cuja problematização envolve as políticas de afirmação identitárias, atualmente discutidas a partir de olhares e vertentes distintas de interpretação, entre as quais se encontram as que questionam seu potencial emancipado 24,25 Embora sendo matéria essencial das narrativas as transformações pessoais, os "selectas" atribuem um sentido coletivo às suas ações, a partir da cultura reggae. "Movimentar a quebrada", como dizem, se conecta ao desejo de difundir valores e conscientização sobre a questão racial e social.…”