Introdução: A retirada cirúrgica do útero por patologias ginecológicas benignas pode ser realizada com ou sem a remoção do colo uterino no mesmo tempo cirúrgico. A histerectomia total (HT) consiste na remoção do corpo e colo uterinos, já a histerectomia subtotal (HST) preserva o colo uterino. Ambos os procedimentos podem ser realizados por mais de uma via de acesso. Devido a maior dissecção envolvida na retirada do colo, acredita-se que a HST resulte menor repercussão nas estruturas adjacentes ao útero, trazendo menor morbidade para as mulheres a curto e a longo prazo. As funções urinária, sexual, intestinal e qualidade de vida podem ser afetadas caso o cirurgião opte pela HT ou HST. Objetivos: Comparar os resultados a curto e a longo prazo sobre os sintomas urinários, intestinais, função sexual e qualidade de vida da histerectomia subtotal com a histerectomia total devido a doenças ginecológicas benignas. Métodos: Atualização de uma revisão Cochrane. Foram selecionados ensaios clínicos randomizados dos seguintes bancos de dados: Cochrane Central Register of Controlled Trials, CENTRAL, MEDLINE, EMBASE, CINAHL, Biological Abstracts, National Research Register, a partir de dezembro de 2010 até dezembro 2019. Os artigos incluídos passaram por análise de risco de viés e a qualidade de evidência foi avaliada pelo sistema GRADE. Variáveis dicotômicas foram analisadas em Odds Ratio enquanto variáveis contínuas foram avaliadas pelas diferenças entre as médias, ambas com intervalo de confiânça de 95%. O processamento de dados e a análise estatística foram realizados atraves do programa Review Manager Resultados: Um total de 2922 artigos foram encontrados na somatória das bases de dados; 35 artigos foram lidos de forma completa, e destes 8 foram selecionados e um artigo foiadicionado das listas de referências, totalizando 9 artigos avaliados. Novos dados adicionados mostram um risco aumentado, a longo prazo, de desenvolver incontinência urinária de esforço após a realização de histerectomia subtotal abdominal (OR 1.53, 95% IC 1.08 a 2.18). A histerectomia subtotal abdominal apresentou, também, menor risco para febre (OR 0.48, 95% IC 0.31 a 0.75) e retenção urinária (OR 0.23, 95% IC 0.06 a 0.81) no pós-operatório recente. A histerectomia subtotal laparoscópica, em relação a histerectomia total laparoscópica, apresentou uma redução significativa do tempo cirúrgico (MD -16.61, 95% CI -30.50 to -2.72) e menor tempo de retorno às atividades normais (MD -1.15, 95% CI -2.14 a -0.16). Conclusão: A HST possui um tempo menor de cirurgia tanto na via abdominal quanto na laparoscópica. A HST laparoscópica reduz o tempo de retorno as atividades normais em relação à HT laparoscópica.A HST abdominal reduz o risco de febre e retenção urinária no pós-operatório recente, porém aumentou o risco para incontinência urinária de esforço.