<p>Objetivo: refletir sobre o emprego da educação a distância na graduação em enfermagem no Brasil no cenário da pandemia da COVID-19. Método: ensaio crítico por meio de reflexões ancoradas na literatura acerca da utilização da educação a distância na formação de enfermeiros(as) e dos circunscritores decorrentes da pandemia. Resultados: as discussões sobre o emprego da educação a distância na formação em enfermagem no Brasil respondem a diferentes interesses educacionais, profissionais, políticos e econômicos. No contexto da pandemia de COVID-19, a partir de 2020, tais debates têm sido potencializados em função do emprego de metodologias da educação a distância na continuidade de muitos cursos de formação, outrora exclusivamente presenciais. Conclusão: não obstante as metodologias próprias da educação a distância permitirem, em um primeiro momento, a continuidade dos processos formativos em enfermagem, reafirma-se que o ensino-aprendizagem para o cuidado em saúde demanda proximidade e contato.</p><p>Descritores: Educação a Distância. Educação em Enfermagem. Infecções por Coronavírus.</p>
Resumo Este estudo teve por objetivo compreender, a partir de uma análise bioecológica, como se dão as relações entre tradição e sociabilidade em terreiros de Candomblé da cidade de Uberaba-MG, Brasil, a partir das narrativas desenvolvimentais de seus adeptos. Foram entrevistados 14 adeptos de dois terreiros de nações diferentes (Ketu e Efon), com pelo menos sete anos de iniciação. Os resultados indicaram forte tradição e transmissão geracional e oral de conhecimentos. As relações interpessoais nos terreiros são fraternas e resgatam elementos da hierarquia familiar, com forte percepção do apoio social dessa rede. Os entrevistados, pelo tempo de iniciação, assumem a responsabilidade de transmitir os conhecimentos religiosos, preservando a tradição. Este estudo evidenciou como as noções de tradição e sociabilidade atravessam os processos desenvolvimentais dos adeptos do Candomblé, permitindo a construção de normas, relações e itinerários que encontram nas comunidades de referência um espaço de acolhimento e pertencimento.
O presente artigo busca problematizar questões acerca das condições para seguir as recomendações de isolamento social sugeridas pela Organização Mundial da Saúde no contexto das periferias brasileiras durante o período da pandemia causada pela COVID-19. De maneira a contextualizar a realidade nas periferias, que buscam enfrentar e/ou podem ser vítimas em massa dessa doença, este artigo dialoga com os dados, a partir de análise crítica da literatura, relatos de experiência e notícias jornalísticas. Entendendo a importância de relacionar as questões de raça e classe do Brasil e de suas faces, sobretudo no atual quadro marcado pela ideologia bolsonarista, o estudo propõe colocações preocupadas principalmente com a população periférica e subcidadã, a qual também é majoritariamente negra. Com atenção especial a marginalidade social desses sujeitos, é ressaltada a importância de compreender as segregações sociorraciais de nosso país e de realizar pesquisas que contemplem esse quadro.
No Brasil contemporâneo têm emergido narrativas acerca de uma nova política, em substituição a um projeto de nação outrora alicerçado na pretérita velha política. As teorias que discorrem acerca do contexto social, histórico, político e cultural em torno da formação do Brasil enquanto República, no final do século XIX, podem explicar aspectos do Brasil contemporâneo. Oobjetivo do presente estudoé problematizar o projeto de nação construído historicamente no país a partir da narrativa dos elementos promotores de desigualdade, como os associados ao racismo e à tentativa de conformação de um brasileiro branco e euro-orientado. Os operadores dessa discussão passam pela abordagem do racismo no Brasil, pelo projeto de branqueamento da população, bem como pelo papel agenciador da segurança pública e da educação no reforçamento de preconceitos, assimetrias e desigualdades. Pode-se concluir que a chamada nova política é fruto da modernização conservadora de aspectos fundamentais do Brasil, o que deve ser problematizado e acompanhado perenemente.
Evidências sugerem uma relação importante entre a religiosidade/espiritualidade (R/E) e a saúde. No entanto, poucos profissionais da área têm uma formação que contemple os conhecimentos pertinentes a essa relação. O objetivo deste estudo é apresentar um relato de experiência sobre uma disciplina desenvolvida em um programa de pós-graduação de uma universidade pública do Estado de São Paulo. A disciplina se propôs a compreender como a R/E tem sido abordada no cuidado em saúde e evidenciar técnicas, instrumentos e estratégias de intervenção que podem ser utilizadas nesses contextos. Os estudantes se envolveram ativamente ao serem convidados a falar de suas experiências pessoais, profissionais e acadêmicas com a R/E. A disciplina cumpriu a função de transmitir conhecimentos a partir das evidências científicas sobre a dimensão da R/E, além de formar profissionais capazes de olharem para si e para os outros de maneira empática, valorizando sentimentos e emoções e, consequentemente, ampliando recursos formativos.
A partir da necessidade de explorar mais profundamente o modo como a religiosidade/espiritualidade (R/E) tem atravessado a formação em Psicologia, o presente estudo apresenta uma reflexão crítica acerca da literatura científica produzida sobre a R/E, tomando por base um relato de experiência profissional que narra a inserção de uma profissional da Psicologia em uma comunidade periférica durante o trabalho com famílias em uma cidade de médio porte do Estado de São Paulo. Este relato tem por objetivo refletir sobre como emerge a dimensão da R/E no contexto familiar e comunitário tendo como norte a Psicologia Social e Comunitária. O profissional que atua com a comunidade tem o compromisso com a promoção de direitos (humanos e sociais), com o protagonismo dos sujeitos e com a qualidade de vida para todos. Esse profissional deve acolher as diversas denominações e compreender os sentidos e significados que são atribuídos a elas pelas coletividades com as quais atua. A laicidade da prática psicológica não pode ser confundida com a negligência em torno dessa dimensão, mas sim de seu acolhimento ético, crítico e perenemente humanizador das populações atendidas.
Resumo Com as perspectivas socioantropológicas, a mediunidade passou a ser considerada um fenômeno cultural e religioso legítimo. O objetivo deste estudo bioecológico foi compreender como a mediunidade é concebida por médiuns do candomblé que realizaram a feitura (iniciação) de sete anos. Participaram 17 médiuns das nações Ketu e Efon da cidade de Uberaba-MG (Brasil), que responderam a um roteiro de entrevista contendo questões acerca da experiência da mediunidade, da iniciação no candomblé e da história de vida do participante. A mediunidade foi verbalizada de dois modos distintos: como um dom que não pode ser recusado pelo médium; como uma faculdade que pode ser controlada/recusada pelo médium. Entre os aspectos relacionados às sensações corpóreas da possessão, destacaram movimentos opostos que vão desde a paralisia até a agitação do corpo, explicados a partir da energia de cada orixá. Discute-se que esses médiuns encontram-se engajados em compartilhar experiências que evoquem fundamentalmente os aspectos positivos relacionados à mediunidade, incorporando, inclusive, uma gramática científica que visa a explicar o fenômeno. Em um cenário de intolerância e racismo, este parece ser um movimento que valoriza a mediunidade e a coloca em uma posição de destaque dentro das expressões das religiões de matriz africana. Palavras-chave: mediunidade, candomblé, cultura afro-brasileira, desenvolvimento humano, modelo bioecológico. * Este artículo se enmarca dentro del proyecto de investigación titulado "Mediunidade e processos desenvolvimentais: histórias de vida de médiuns e intervenções etnopsicológicas em saúde mental", al alero del Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), cuyo coordinador es Fabio Scorsolini-Comin.
Este estudo teórico tem por objetivo discutir de que modo as religiões de matriz africana podem contribuir para a construção e solidificação de uma Etnopsicologia brasileira. O percurso deste estudo de caráter teórico envolve discussões acerca do papel constituidor das matrizes africanas na formação social do brasileiro e sua cultura, bem como o que são essas matrizes e o modo como a Etnopsicologia se propõe a investigá-las. A partir desse itinerário, reforça-se a necessidade de valorizar os aspectos da diversidade africana no Brasil enquanto agente importante para a compreensão do comportamento coletivo brasileiro, suas crenças, formas de pertencimento e construção perene de uma identidade a partir da dimensão da religiosidade/espiritualidade na interface com a cultura.
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