OBJETIVO: Em resposta à necessidade sentida por municípios brasileiros de informação referente às práticas de amamentação com vistas ao planejamento em saúde, realizou-se estudo com o objetivo de descrever a situação da amamentação e identificar fatores associados ao desmame nesses municípios. MÉTODOS: De uma convocação aberta a todos os municípios do Estado de São Paulo, 84 aderiram a um treinamento para coleta de dados no Dia Nacional de Vacinação, em 1998. Para cada município, foi desenhada uma amostra compatível com o tamanho de sua população infantil, aplicando-se um questionário padronizado com questões referentes à alimentação da criança nas 24 horas precedentes. Além de estatísticas descritivas sobre a freqüência de amamentação, foram analisados pela regressão logística fatores de risco para interrupção da amamentação exclusiva em menores de quatro meses e para o desmame em menores de um ano. RESULTADOS: O aleitamento exclusivo nos primeiros quatro meses raramente alcançou índices superiores a 30%. Como fatores de risco para essa situação, identificaram-se: baixa escolaridade materna, ausência de programa Hospital Amigo da Criança, primiparidade e maternidade precoce. Com relação aos menores de um ano, a amamentação ficou em torno de 50%. CONCLUSÃO: A ausência do programa Hospital Amigo da Criança, primiparidade, trabalho informal ou desemprego materno foram os fatores de risco para o desmame. As taxas municipais de amamentação diferem amplamente no Estado de São Paulo, o que reforça a importância de diagnósticos locais, rápidos e de fácil apropriação por profissionais de saúde.
In 1975, one out of two Brazilian women only breastfed until the second or third month; in a survey from 1999, one out of two breastfed for 10 months. This increase over the course of 25 years can be viewed as a success, but it also shows that many activities could be better organized, coordinated, and corrected when errors occur. Various relevant decisions have been made by international health agencies during this period, in addition to studies on breastfeeding that have reoriented practice. We propose to review the history of the Brazilian national program to promote breastfeeding, focusing on an analysis of the influence of international policies and analyzing them in four periods: 1975-1981 (when little was done), 1981-1986 (media campaigns), 1986-1996 (breastfeeding-friendly policies), and 1996-2002 (planning and human resources training activities backed by policies to protect breastfeeding). The challenge for the future is to continue to promote exclusive breastfeeding until the sixth month, taking specific population groups into account.
Este ensaio reúne uma seleção de estudos, particularmente revisões sistemáticas que têm contribuído para aumentar a compreensão sobre os benefícios do aleitamento materno para a criança e para a mulher e sua implementação. Realizou-se uma busca de artigos publicados a partir do ano 2000, sem, no entanto, deixar de lado estudos relevantes para o avanço do conhecimento publicados décadas atrás. Para a seleção dos estudos efetuou-se uma busca na Internet com base nas ferramentas disponíveis no PubMed e SciELO. Além dos aspectos para os quais há consenso, procurou-se incluir estudos sobre resultados controversos e outros que são instigantes, como os provenientes da neurobiologia. Verificam-se mudanças substanciais nas recomendações para políticas públicas em decorrência desses novos conhecimentos. Algumas investigações também têm sido realizadas com o objetivo de avaliar quais intervenções seriam mais efetivas para um aumento das práticas de amamentação. Procurou-se neste artigo dar destaque a: recomendações atuais sobre alimentação da criança pequena; importância da amamentação no início da vida; implicações do aleitamento materno para a saúde da criança; implicações do aleitamento materno para a saúde da mulher; e efetividade de algumas ações pró-amamentação.
Objective: To review breastfeeding benefits for the women s health.Sources of data: Lilacs, MEDLINE, SciELO, BIREME, Cochrane Library and Google were searched for the keywords: breastfeeding and breast cancer, ovarian cancer, osteoporosis, rheumatoid arthritis, lactation amenorrhea, post natal period, and women s health. Single articles published between 1990 and 2004 were considered, as well as remarkable ones prior to this period. Summary of the findings:There are a few articles published on the topic, even though, the existing literature reveals that there is a positive relationship between breastfeeding and decreased risk of breast cancer, cancer of the ovarian epithelium, and osteoporosis leading to hip fracture. Some studies suggest the effect of breastfeeding on the decreasing risk of rheumatoid arthritis, others mention the relation between breastfeeding and faster loss of weight gained during the gestational period. Several studies show how breastfeeding interferes on the onset of postnatal menstruation and consequent birth spacing.Conclusions: breastfeeding provides important benefits for the women s health, such as reduced risk of breast and ovarian cancer, decreased risks of hip fractures and contribution to the increase of birth spacing.J Pediatr (Rio J). 2004;80(5 Suppl):S142-S146: Breastfeeding, breast cancer, ovarian cancer, lactational amenorrhea, arthritis rheumatoid, women s health.
REA, M. F. Substitutos do leite materno: passado e presente. Rev. Saúde públ., S. Paulo, 24:241-9,1990. RESUMO: Apresenta-se revisão da evolução histórica da substituição do leite de peito por produtos industrializados cujas origens remontam ao século XVIII. Destaca-se a estratégia de promoção comercial de fórmulas infantis, já neste século, atribuindo-se as diferentes formas de comercialização utilizadas à necessidade de busca de novos mercados nos países do Terceiro Mundo. Frente às indicações precisas que os chamados substitutos do leite materno têm, chama-se a atenção para o processo de conscientização dos profissionais de saúde e grupos de consumidores sobre as conseqüências do abuso da utilização desses substitutos, processo este que levou a Organização Mundial da Saúde e o United Nations Children's Fund a recomendarem a regulamentação de suas práticas comerciais, e o Brasil a adotá-la. . Não se pode ter certeza de qual seria o conteúdo dessas mamadeiras. Sabe-se, entretanto, por diversos registros históricos, que quando um bebê não era amamentado por sua mãe (fato raro em muitas épocas, mas comum em algumas outras notadamente em determinadas classes sociais 3 ), sua alimentação era substituída pelo leite de peito dado por outra mãe. Ou seja, o leite continuava a ser o humano. Badinter 3 coloca que na França, em meados do século XVIII, os filhos de famílias da cidade, amamentados por suas próprias mães, eram exceções, e que na Alemanha, à falta de amas, buscava-se um meio de substituí-las pelo aleitamento artificial. DESCRITORES:É de 1784 a recomedação primeira, atribuída ao médico inglês Underwood, para o uso do leite de vaca como alternativa ao leite humano 4 . De fato, nessa época, na Inglaterra, observa-se que não só as mulheres burguesas mas todas as que tinham condições financeiras recusavam-se a amamentar seus filhos 3 . Destaque-se nessa fase o papel do médico William Cadogan (1711-1797) que defendia o aleitamento natural, mas que advogava somente quatro mamadas a intervalos regulares, nas 24 horas, além de proibir mamadas noturnas -isto porque ele acreditava que alimentar um bebê era um momento de passar-lhe infecção (qualquer que fosse o alimento...) 26,32 . A rigidez de horário -o amamentar em frente ao relógio -inicia-se no sé-culo XVIII e persiste por dois séculos na nossa formação médica.A descoberta, em 1838, na Alemanha, de que o leite de vaca tem mais proteína do que o leite materno 4 pode ser considerada o marco referencial para todo um discurso de favorecimento do uso do leite de vaca, que passou a prevalecer em toda a história pró-proteína da Nutrição de finais do sé-culo passado e parte deste.Por outro lado, a descoberta de Gail Borden, em 1856 12 , do método de produzir leite condensado, cria finalmente uma alternativa de um leite esté-ril e passível de conservação. Em um mundo sem refrigerador, este constituiu um avanço inegável da ciência. A partir disso, Henri Nestlé, utilizandose do leite condensado, produz uma mistura farinácea denominada "Farine Lacteé"; em 1866, descobre a poss...
INTRODUÇÃO: Pesquisas sobre a amamentação e a questão do trabalho da mulher são de difícil comparabilidade. A prática de amamentar entre mulheres com um emprego formal no Brasil tem sido pouco estudada, em que pesem as mudanças havidas como a extensão da licença maternidade para 120 dias. Decidiu-se realizar estudo com o objetivo de descrever o padrão de amamentação de mulheres empregadas em empresas, as limitações que elas enfrentam e que fatores contribuem para que elas possam conciliar trabalho e amamentação. MATERIAL E MÉTODO: Estudo exploratório realizado em 13 indústrias de São Paulo em 1994, onde todas as mulheres no terceiro trimestre da gestação (76) foram entrevistadas e reentrevistadas (69) na volta ao trabalho (em torno de 5,4 meses pós-parto). RESULTADOS: Iniciaram a amamentação 97% das mulheres, apresentando uma duração mediana de 150 dias; quanto ao Aleitamento Materno Exclusivo, a duração mediana foi de 10 dias, e à Amamentação Predominante, a mediana foi de 70 dias. As mulheres de melhor nível socioeconômico e as que tinham creche no local de trabalho ou sala de coleta e estocagem de leite materno, foram as que amamentaram por mais tempo. A possibilidade de flexibilizar seu horário e não trabalhar na linha de produção também mostraram ser fatores significantes que levam as mulheres dessas indústrias a amamentar mais. CONCLUSÕES: A licença-maternidade tem sido útil e usada pela maioria das trabalhadoras para amamentar, mas há outros fatores que são fundamentais para que a manutenção da lactação seja facilitada, tais como aqueles que permitem a proximidade mãe-criança e/ou a retirada periódica de leite materno durante a jornada de trabalho.
OBJETIVOS: compreender o significado da experiência de não amamentar e as razões que levam as mães a seguirem tal recomendação. MÉTODOS: estudo qualitativo onde a fenomenologia social foi tomada como referencial teórico-metodológico. O grupo estudado consistiu em 17 mães de um ambulatório infantil. Algumas mães eram HIV positivo, algumas apresentavam um status de infecção não determinado. Utilizou-se o método de análise de conteúdo. RESULTADOS: entre as razões destacadas para não amamentar, foram identificados sentimentos de não se considerarem completas e valorizadas como mães. Vivenciar a não-amamentação implica na reestruturação da relação mães/bebê, traz preconceitos e discriminação. A não-amamentação é uma forma de impedir a infecção do bebê pelo HIV e uma forma de eximir-se de culpa, obtendo assim perdão da sociedade. CONCLUSÕES: os resultados mostram que "não amamentar" - conduta indentificada pelo enfaixamento dos seios - é considerado doloroso e punitivo. Envolve o desejo de manter sadio o bebê e, mais do que aspectos biológicos, implica em questões sociais, culturais e emocionais. Parecem indicar ainda falta de atenção dos profissionais da área da saúde ao sentimento das mães, quando essas enfrentam o dilema da não-amamentação.
This paper describes rapid assessment of infant feeding practices based on surveys conducted on National Immunization Day in the cities of Florianópolis and João Pessoa, Brazil. Two different infant feeding patterns emerge clearly in the data analysis. Most infants begin breastfeeding, but exclusive breastfeeding (EBF) from 0-4 months (46.3% in Florianópolis and 23.9% in João Pessoa) and timely complementary feeding rates (32.2% in Florianópolis and 24.8% in João Pessoa) are below recommended standards. EBF and breastfeeding duration medians were 53 and 238 days, respectively, in Florianópolis and 16.5 and 195 days, respectively, in João Pessoa. The results pointed to increasing breastfeeding rates and duration medians in Florianópolis as compared to João Pessoa. Use of these data could improve planning and monitoring of breastfeeding activities and infant nutrition policies.
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