Resumo: Em 1852, uma missão quacre visitou o Brasil para entregar ao Imperador um Memorial contra a escravidão e o tráfico de escravos, elaborado pela Sociedade Religiosa dos Amigos da Grã-Bretanha e Irlanda. Essa missão favoreceu o contato entre a recém-criada Sociedade contra o Tráfico de Africanos e Promotora da Colonização e Civilização Indígena (SCT) e a Sociedade Abolicionista Britânica e Estrangeira (BFASS). O artigo explora como o nascente antiescravismo brasileiro soube se aproveitar do prestígio da instituição britânica, mas ao mesmo tempo manteve uma linha de atuação independente.
Na década de 1860, agentes do governo brasileiro fizeram um acordo com a British and Foreign Anti-Slavery Society. Esta organização atuaria pela revogação da Lei Aberdeen e pelo restabelecimento das relações diplomáticas entre o Brasil e a Grã-Bretanha. Em contrapartida, o governo brasileiro adotaria medidas emancipacionistas. Esse acordo mostra que a Lei do Ventre Livre (1871) não foi uma decisão de caráter exclusivamente nacional e esteve relacionada a outros eventos políticos.
Em meados da década de 1860, depois dos episódios relativos à “Questão Christie” e do subsequente rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Grã-Bretanha, agentes do Império brasileiro atuaram internacionalmente para reduzir as hostilidades antiescravistas britânicas dirigidas ao Brasil e pedir a revogação da Lei Aberdeen, ainda em vigor nos statute books britânicos. No âmbito interno, a ascensão dos liberais ao poder e seu comprometimento com a adoção de medidas antiescravistas ajudou nessa negociação. Antes que essas medidas fossem oficialmente discutidas no Brasil, houve esforços internacionais para angariar o apoio britânico a elas. Os escritos de William Henry Clark são documentos privilegiados desses esforços.
Em 1839, a British and Foreign Anti-Slavery Society (BFASS) organizou veladamente uma missão para visitar o Brasil e, para realizá-la, contratou um casal britânico – George e Charlotte C. Pilkington – que deveria permanecer no país durante mais de um ano para coletar informações sobre o tráfico e a escravidão e fazer propaganda abolicionista. A partir de 1841, uma parte das informações obtidas por esta missão foi publicada pelo Anti-Slavery Reporter, o periódico oficial da Sociedade. No entanto, a BFASS ocultou por aproximadamente meio século seu envolvimento nesse empreendimento, que só se torna claro a partir do cruzamento de informações de várias fontes históricas.
Depois do fim da Guerra Civil norte-americana houve um reordenamento das posições antiescravistas no mundo atlântico. Este artigo explora as cartas sobre a escravidão brasileira do abolicionista norte-americano James Redpath, e dois textos apresentados por agentes brasileiros na Conferência Antiescravista de Paris. O objetivo é demonstrar que, em ambos os casos, embora o assunto principal fosse a escravidão no Brasil, havia outros interesses coordenando essas intervenções. Isso mostra que a questão escravista era tão somente mais um elemento no tabuleiro internacional, e que qualquer análise que prescinda do contexto mais amplo corre o risco de ser incapaz de apreender os reais interesses em disputa.
Em meados de 1863, Brasil e Grã-Bretanha romperam as relações diplomáticas. A seguir, o governo brasileiro aproveitou o episódio para reivindicar a revogação da Lei Aberdeen e o fim da ingerência britânica nos assuntos brasileiros como os primeiros passos para que as relações fossem restabelecidas. William Henry Clark, um inglês com fortes interesses no Brasil, escreveu vários textos defendendo as posições do governo brasileiro. Seu opúsculo, agora traduzido, é uma peça essencial para se compreender as questões daquele momento e a diretriz antiescravista que os liberais brasileiros começavam a adotar.
Resumo O artigo explora a atuação da British and Foreign Anti-Slavery Society, entre as décadas de 1870 e 1880, contra o “esquema” do governo brasileiro para introduzir trabalhadores chineses no país. Essa atuação indica que a questão escravista extrapolava os limites nacionais e confirma que a Grã-Bretanha agiu diretamente contra escravidão brasileira até seus últimos momentos.
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