RESUMOO presente artigo se refere à composição do campo discursivo em torno da questão do trabalho, pelo aporte da economia solidária, como estratégia de atenção em saúde mental. Através da cartografia e de alguns operadores analíticos de Foucault (biopolítica, governamentabilidade, normalização), mapeamos a configuração de forças e enfrentamentos que agenciaram a constituição da política pública brasileira de saúde mental e economia solidária. Em nossas análises apontamos uma ambiguidade no conceito trabalho presente nos documentos, a polissemia de expressões utilizadas para designar o trabalhar, um significativo discurso de valorização da inserção, via emprego, no mercado formal de trabalho, e a insuficiência de estratégias políticas e legais que deem sustentabilidade material às experiências práticas. Em contrapartida, destacamos como a economia solidária na saúde mental também diferencia-se ao valorizar o trabalho como possibilidade de estar no social de forma mais integral que as simplificadas relações utilitárias e normalizantes que o capitalismo fortemente investe.Palavras-chave: saúde mental; política pública, economia solidária; saúde coletiva. RESUMENEste artículo se refiere a la composición de campo discursivo en torno a la cuestión del trabajo, la contribución de la economía social, como estrategia de atención a la salud mental. A través de la cartografía y algunos operadores de análisis de Foucault (biopolítica, gubernamentalidad, la normalización), estudiamos la configuración de fuerzas y enfrentamientos que agenciaram la formación de la política pública brasileña mentales salud y la economía solidaria. En nuestros análisis señalar una ambigüedad en este concepto de trabajo en los documentos, la polisemia de los términos utilizados para describir el trabajo, una inserción significativa mejora del habla, a través de empleo en el mercado laboral formal, y la falta de estrategias políticas y jurídicas que dan materiales de sostenibilidad a las experiencias prácticas. Por otro lado, se destaca cómo la economía solidaria en salud mental también es diferente a valorar el trabajo como una posibilidad para ser social de manera más integral que las relaciones utilitarias simplificados y la normalización de que el capitalismo en gran medida invierte.Palabras clave: salud mental; política pública; economía solidaria; salud colectiva. AbSTRACTThis article refers to the composition of the discursive field around the labor question, of social economy contribution, as extended by the mental health strategy. Through mapping and some analytical operators of Foucault (biopolitics, governmentality, normalization), we mapped the configuration of forces and clashes that elaborated the formation of Brazilian public policy regarding mental health and solidarity economy. In our analysis we point out an ambiguity presented in the documents regarding this work concept, the polysemy of terms and expressions used to designate labor activity, a significant discourse on the appreciation of insertion in the formal labor market v...
Neste relato de experiência, problematizamos as vivências subjetivas construídas na atuação profissional de agentes penitenciários que atuam em uma unidade prisional fechada paranaense. Utilizamos referenciais da Psicodinâmica do Trabalho, da Psicanálise e de escritos sobre Processos Grupais para disponibilizarmos aos trabalhadores um espaço grupal semanal em que eles eram convidados a conversarem e refletirem sobre o cotidiano laboral no intramuros institucional. A partir da compreensão da inseparabilidade entre trabalho e vivências subjetivas, acolhemos no espaço coletivo relatos sobre um cotidiano prisional que produz desgastes e desdobramentos de suas dimensões institucionais sobre os próprios sujeitos, bem como de suas relações familiares, afetivas e sociais. Em análise dos conteúdos, foi possível identificar vários aspectos de como a instituição prisional produz impactos na subjetividade daqueles que ali trabalham, entre eles, o sentimento de medo. As condições que delineamos são cotidianas, ou seja, não são exceções, e refletem os vínculos complexos e contraditórios entre sujeitos trabalhadores e instituição prisional.
Cartografamos o discurso político em que se articula o trabalho com ações de atenção em saúde. No Brasil, o universo legal da saúde mental que trata do trabalho distingue-se em anterior e posterior à Reforma Psiquiátrica. Antes, juridicamente sustentadas, as atividades de trabalho eram um instrumento de medida da ocupação do tempo livre e de avaliação da eficácia dos tratamentos manicomiais. Após a Reforma, a presença do trabalho como estratégia de atenção é crescente. A produção discursiva legal da saúde mental assumiu diretrizes como a reabilitação psicossocial e a restauração da cidadania, utilizando, como proposta, a (re)inclusão social pelo trabalho. No entanto as políticas trazem uma heterogeneidade conceitual do que se considera trabalho, com poucos esclarecimentos de suas condições concretas, aspectos que dificultam que o trabalho como estratégia de atenção propicie a (re)invenção do sofrimento psíquico intenso.
Este artigo propõe uma reflexão sobre a intersecção entre duas questões: a atenção à saúde mental e aos sujeitos em situação de rua. Na confluência dessas questões, o sujeito em situação de rua coloca um significativo desafio para os serviços de saúde mental sobre como contemplálos de forma integral, considerando e respeitando suas singularidades. A partir disso, temos como objetivo principal, nesta pesquisa, delinear e problematizar, na visão dos sujeitos em situação de rua, como a atenção em saúde mental, a partir das políticas públicas, contemplam suas especificidades de demandas e necessidades e como essas proposições se efetivam, ou não, na prática de um serviço de saúde mental. O território escolhido foi o Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro Pop). Como estratégia para o trabalho de campo, utiliza-se a perspectiva etnográfica como orientadora do estar no campo. Evidenciaram as nossas conversas que os sujeitos em condição de desabrigo, em sua maioria, raramente procuram o serviço de saúde mental e apresentam o testemunho de como o serviço de saúde mental não conseguiu deslocar a hegemonia das práticas orientadas pelo modelo médico tradicional para o modelo psicossocial de atendimento.
Neste artigo fazemos o delineamento e problematização da produção de subjetividade de mulheres policiais militares a partir de suas experiências no cotidiano de trabalho de um Batalhão da Polícia Militar do estado do Paraná (PMPR). Como sustentação teórica de nossas discussões, resgatamos alguns pressupostos de Michel Foucault, tais como subjetividade, disciplina e práticas discursivas. Para tal, a pesquisa contou com a participação de seis policiais atuantes, através de entrevistas. Desta forma, investigamos qual a relação das experiências como policiais dessas mulheres, com a forma com que as mesmas se produzem enquanto sujeitos em uma instituição tida historicamente como masculina. A partir da análise realizada, desenvolvemos uma categoria denominada “relações de cuidado com o outro”. Consideramos que características consideradas como masculinas perpassam diretamente as produções de subjetividades de mulheres policiais que têm suas vivências nesse contexto institucional atravessadas por discursos e práticas alicerçadas em um binarismo de gênero que sustenta um ideal de feminino, ao mesmo tempo, em que reforça um ideal de masculinidade referencial. Compreendemos que há a necessidade de um aprofundamento em algumas perspectivas no que diz respeito às pesquisas em Psicologia no campo da Polícia Militar, como as relações de gênero, por exemplo.
Neste artigo é feito o delineamento e problematização da instituição familiar como coadjuvante dos processos de cuidado do sujeito em sofrimento psíquico. Tal percurso foi realizado a partir da cartografia de legislações brasileiras que trataram diretamente da assistência e da atenção em saúde e em saúde mental, políticas que consideramos como produtos e produtores de agenciamentos sociais, políticos e científicos, configurando discursos postos como verdades naqueles momentos. Os documentos discutidos foram a primeira legislação brasileira de assistência psiquiátrica de 1903, um segundo decreto de 1934 e a Lei da Reforma Psiquiátrica de 2001. Concomitante, foi realizada uma revisão sobre estudos que articularam família e atenção em saúde mental. Ao final, indicamos que a noção de família está presente na história das políticas de atenção em saúde mental, mas com posições e funções jurídicas e terapêuticas distintas, dependendo do contexto histórico considerado, sendo atravessada por vieses de gênero, raça e características socioeconômicas. Além disso, notamos que o chamado e a presença da família na assistência e no cuidado com o sujeito em sofrimento psíquico assumiram formas coincidentes ou aproximadas com as transformações que a própria instituição familiar vivenciou nas últimas décadas.
Neste artigo, discutimos a dinâmica dos laços de cooperação entre dois grupos em convívio obrigatório no contexto carcerário: agentes prisionais e apenados. A partir da perspectiva metodológica e analítica da psicodinâmica do trabalho, resgatamos conteúdos de um espaço grupal formado há cerca de 4 anos por agentes que se debatiam entre os descompassos entre o trabalho prescrito e o trabalho real no cotidiano da vigilância prisional. Como resultado, identificamos que os laços cooperativos internos aos grupos e entre os grupos assumem papel estratégico na gestão da complexidade do trabalho, em um cenário permeado por riscos e descompassos entre o planejado e o realizável nas atividades de um cotidiano marcado por precariedades, superlotação e servidores insuficientes. Enquanto fenômeno articulado, a cooperação forçada entre agentes e apenados impõe o desafio de colaborar com alguém em quem não se confia, o que produz desestabilizações e comprometimentos significativos à saúde mental dos servidores, além de elevar vulnerabilidades individuais e coletivas.
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