Resumo:Este artigo apresenta e discute as proposições originais de Vigotski acerca do papel do professor, sinalizando implicações de tais proposições para a formação de professores. Para tanto, analisa dados de uma pesquisa empírica realizada com cinco professoras de educação infantil que participaram de um curso de formação continuada, que teve a teoria histórico-cultural como principal fundamento. Os resultados demonstram que as professoras, inicialmente, tiveram dificuldades para internalizar a concepção do professor como o organizador do meio social educativo, tal como propõe Vigotski, mas ao ampliarem tal compreensão, passaram a planejar, executar, avaliar e redimensionar o trabalho realizado, atuando como intelectuais de suas próprias práticas. Conclui-se que a concepção de professor esboçada por Vigotski pode contribuir para orientar a formação dos professores na perspectiva de uma educação crítica e emancipatória.
Palavras-chave: Formação de professores; Teoria histórico-cultural; Papel do professorAbstract: This article presents and discusses Vygotsky's original propositions about the teacher's role, signaling implications of such propositions for teacher education. To do so, it analyzes data from an empirical research carried out with five child education teachers who participated in a course of continuing education, which had the historicalcultural theory as the main foundation. The results show that the teachers initially had difficulties to internalize the teacher's conception as the organizer of the educational social environment, as proposed by Vygotsky, but when they expanded their understanding, they began to plan, execute, register, evaluate and resize the work done, acting as intellectuals of their own practices. It is concluded that the formation of teachers is the result of multiple determinations, but the teacher conception outlined by Vygotsky can contribute to guide the training of teachers in the perspective of a critical and emancipatory education.
IntroduçãoA temática da formação de professores como objeto de estudo é um fenômeno recente. Segundo André (2009) e Martins (2010), esse assunto só passou a ser debatido com maior frequência em nosso país, a partir de 1970, ganhando maior dinamismo na década de 1990, principalmente, após a implementação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Desde então, essa temática tem produzido várias questões, geralmente, relacionadas às características, competências e saberes necessários aos professores, sendo, atualmente, uma das temáticas mais debatidas no campo epistemológico da educação.