O artigo busca, a partir dos resultados parciais de uma pesquisa mais ampla, descrever a morfologia do livro escolar de leitura, no período de 1866 a 1956. Os livros escolares constituem a principal fonte da pesquisa, particularmente aqueles que compõem o acervo do CEALE/UFMG, tomados, na investigação, como um caso provável de biblioteca escolar e, desse modo, como indicadores indiretos da produção editorial brasileira do período. Da análise realizada, apreenderam-se dois grandes tipos de livros (séries graduadas e livros isolados), quatro grandes gêneros (compêndios, antologias, narrativas e caderno de atividades) e cinco grandes modelos de livro (paleógrafo, instrutivo, formativo, retórico-literário e autônomo). A análise permitiu, ainda, identificar quatro ordens de fenômenos cuja participação na conformação dessas características é preciso melhor conhecer: a progressiva distinção entre dois tipos de leitura escolar - a leitura para aprender a ler e a leitura recreativa; as relações entre as formas do livro e a progressiva consolidação da escola e de seus agentes; as relações entre os livros de leitura brasileiros e franceses; os usos e as apropriações dos livros nas práticas educativas cotidianas.
RESUMOO artigo faz uma revisão crítica dos estudos que se dedicam à análise das relações entre oralidade e escrita e às supostas conseqüências da introdução ou difusão da escrita e da imprensa em sociedades e em grupos sociais. Para isso, os autores caracterizam a emergên-cia do campo de estudos sobre o tema, suas principais abordagens e seu estágio atual. COMUNICAÇÃO VERBAL -ESCRITA -RELAÇÕES SOCIAIS ABSTRACT ORALITY AND LITERACY: A REVIEW. This article is a critical review of studies which dedicated themselves to analyze the relationship between orality and writing and the alleged consequences of the access or dissemination of both writing and press in societies and social groups. Bearing this in mind, the authors describe the emergence of a field of studies on the subject, its main approaches and current stage.
RESUMO:O artigo propõe-se a discutir quais as especificidades da relação que sujeitos vinculados, em sua origem, a uma cultura em que a oralidade é predominante estabelecem com a cultura escrita. Essa discussão é realizada a partir dos resultados de uma pesquisa concluída que teve como objetivo (re)construir o público leitor/ouvinte e os modos de ler/ouvir literatura de cordel entre 1930 e 1950 em Pernambuco. Pode-se considerar que vários fatores, destacando-se a leitura em voz alta, intensiva e coletiva e o papel desempenhado pela memorização, facilitada pelas situações de leitura e pela própria estrutura narrativa e formal dos poemas, contribuí-am para que as relações entre analfabetos e semi-alfabetizados e a leitura de folhetos fossem marcadas pelo prazer e por um relativo desprendimento. Essas práticas permitiam a pessoas que, em sua origem, estavam pouco habituadas ao mundo da escrita, vivenciarem práticas de letramento, ou seja, experimentarem situações em que utilizavam as palavras escrita e impressa.Palavras-chave: Folhetos de cordel. Letramento. Oralidade.Memorização. História da leitura.* Tomo aqui, a palavra letramento em um sentido amplo, considerada, sobretudo, como "(...) o estado ou a condição que adquire um grupo social ou um indivíduo como conseqüência de ter-se apropriado da escrita" (Soares, 1998, p. 18). A partir desse ponto de vista, um sujeito, mesmo sendo analfabeto, pode, em alguns casos, ser considerado, de certa forma, letrado, na medida em que o mais importante, no conceito, são os usos da escrita feitos pelos sujeitos.
No contexto de renovação da historiografia da educação no Brasil, tem sido crescente o número de estudos que buscam compreender como determinados saberes se tornaram propriamente escolares. Essas pesquisas têm contribuído para um melhor entendimento do papel desempenhado pela escola e por outras instâncias sociais na definição daquilo que, ao longo do tempo, tem sido considerado essencial na formação das novas gerações. Esse campo de estudos tem sido identificado ao que se convencionou denominar História das Disciplinas Escolares, uma abordagem multidisciplinar que, já há algumas décadas, vem sendo desenvolvida por pesquisadores de vários países do mundo. O artigo, que constitui um ensaio bibliográfico, busca identificar e problematizar tendências de pesquisa nessa área no interior do campo mais amplo da História da Educação. Por fim, descreve sucintamente dois estudos realizados recentemente por pesquisadores brasileiros nas áreas da Educação Física e Educação Artística, que se inserem nessa linha de investigação. Apesar do crescente número de pesquisas realizadas em torno do tema, a maioria dos trabalhos, muitas vezes dedicados a traçar cronológica e retroativamente a presença de um saber na escola, é realizada de forma isolada e parte de pressupostos - muitas vezes rígidos - advindos das tradições da transposição didática ou da cultura escolar. Acredita-se que somente com a realização periódica de balanços é possível tornar inteligível o processo de transformação e/ou construção de saberes em saberes propriamente escolares tanto em uma perspectiva empírica quanto do ponto de vista propriamente teórico.
O artigo busca, a partir dos resultados de uma pesquisa concluída que objetivou reconstruir o público leitor/ouvinte de folhetos de cordel no período de 1930 a 1950 em Pernambuco, identificar como se davam as formas de inserção de pessoas analfabetas ou pouco escolarizadas em culturas marcadas pela presença da escrita. As "cartas de ABC", os livros didáticos, as histórias em quadrinhos, os romances policiais e os almanaques compunham o universo de leituras da maior parte do público investigado. Alguns fatores parecem contribuir para que os sujeitos apresentem contatos diferenciados e utilizem de maneiras diversas os objetos que compõem o mundo da cultura escrita, destacando-se, entre eles, a experiência urbana, o pertencimento a um ou outro sexo, a ocupação profissional e o domínio das habilidades básicas de leitura.
Resumo: O artigo analisa os efeitos de diferentes pertencimentos do escritoradulto na reconstrução de suas memórias de infância. Utiliza como fontes principais seis autobiografias escritas por filhos de pais analfabetos ou com baixa escolaridade, nascidos na primeira metade do século XX, quatro deles em Minas Gerais, Brasil, e dois em Illinois, Estados Unidos. Verificou-se que os autores, ao considerarem a autobiografia como ensinamento, buscam estratégias para se legitimarem como exemplos de superação. Na escrita, elegem um pertencimento, como o socioeconômico e/ou o étnico-racial, como eixo para situar o lugar de onde falam, tornando-o o fio condutor das narrativas e da releitura de suas infâncias e trajetórias de vida. Palavras-chave: autobiografias, história da cultura escrita, história da infância
The article analyses the place that the written word has been occupying in everyday life of Xakriabá communities, especially in situations related the preparation and development of social projects, in indigenous associations. The work is based on an ethnographic study of three villages. The results indicate that, among Xakriabá, the ability to read and write is performed not as an attribute restricted to the individual, but as a skill available to the collective. In this framework, orality is crucial in the negotiation between different subjects and the writing process. The uses and functions of writing that has been produced daily by Xakriabá establish and sometimes assume differences between the subjects involved. These differences, however, does not necessarily result in inequalities among them. Finally, Xakriabá see, on one hand, the situation of interacting with a mode of writing characteristic of the national society, and, on the other hand, do assigning uses and functions in accordance with local traditions. CULtURAS DO ESCRItO NAS ASSOCIAçõES E pROjEtOS SOCIAIS INDíGENAS: UM EStUDO SOBRE OS XAkRIABá, MINAS GERAISRESUMO O artigo analisa o lugar que o escrito tem ocupado no cotidiano de comunidades Xakriabá, principalmente em situações relacionadas à elaboração e ao desenvolvimento de projetos sociais em suas associações. O trabalho baseia-se em pesquisa etnográfica realizada em três aldeias. Os resultados indicam que, entre os Xakriabá, a habilidade de ler e escrever é performada não como um atributo restrito ao indivíduo, mas como uma habilidade disponibilizada para o coletivo. Nesse contexto, a oralidade é fundamental no processo de negociação entre os diversos sujeitos e o escrito. Os usos e funções do escrito produzidos cotidianamente pelos Xakriabá estabelecem e por vezes pressupõem diferenças entre os sujeitos envolvidos, embora não gerem necessariamente desigualdade entre eles. Constatamos ainda que os Xakriabá, ao se virem na situação de interagir com uma modalidade de escrita característica da sociedade nacional, o fazem atribuindo usos e funções de acordo com os costumes e tradições locais.PALAVRAS-CHAVE cultura escrita; projetos sociais indígenas; Xakriabá. CULtURAS DE LO ESCRItO EN LAS ASOCIACIONES Y pROYECtOS SOCIALES INDíGENAS: UN EStUDIO SOBRE LOS XAkRIABá, MINAS GERAIS RESUMENEl artículo analiza el lugar que el escrito ha ocupado en el cotidiano de comunidades Xakriabá, principalmente en situaciones relacionadas a la elaboración y desarrollo de proyectos sociales, en sus asociaciones. El trabajo se basa en una pesquisa etnográfica realizada en tres pueblos de indios. Los resultados indican que, entre los Xakriabá, la habilidad de leer y escribir es utilizada no como atributo restricto al individuo, sino como una habilidad disponible para el colectivo. En ese marco, la oralidad es fundamental en el proceso de negociación entre los diversos sujetos y el escrito. Los usos y funciones del escrito producidos cotidianamente por los Xakriabá establecen y por veces presuponen diferencias...
RESUMO: Em São João del-Rei/MG, entre 1915 e 1916, meninas e moças, filhas das elites locais, atuaram nas apresentações de um grupo de teatro amador, apesar de a presença das mulheres nos palcos não ser vista com bons olhos por grande parte das pessoas pertencentes a esses grupos sociais. Com o objetivo de compreender a educação das sensibilidades que se deu durante essas apresentações, analisamos as motivações do grupo amador ao escolher as operetas apresentadas e ao distribuir os papéis às amadoras e aos amadores. As fontes utilizadas foram recortes de jornais, programas de espetáculos, manuscritos de operetas, livros que pertenceram ao Clube Teatral Arthur Azevedo e ao amador Antônio Guerra. Observamos que as meninas e moças casadouras exibiam seus dotes durante as apresentações, que se configuravam como uma extensão da escola e dos salões. Reforçavam-se sensibilidades hegemônicas, maneiras de qualificar o mundo, de compreender e de experimentar as relações de gênero.
scite is a Brooklyn-based startup that helps researchers better discover and understand research articles through Smart Citations–citations that display the context of the citation and describe whether the article provides supporting or contrasting evidence. scite is used by students and researchers from around the world and is funded in part by the National Science Foundation and the National Institute on Drug Abuse of the National Institutes of Health.
hi@scite.ai
334 Leonard St
Brooklyn, NY 11211
Copyright © 2023 scite Inc. All rights reserved.
Made with 💙 for researchers