Este estudo documental objetivou analisar as representações sociais sobre o trabalho doméstico remunerado compartilhadas na página do Facebook "Eu, Empregada Doméstica" e as práticas sociais delas decorrentes. Para tanto, foram coletados 276 relatos, que compuseram o corpus submetido a uma Classificação Hierárquica Descendente no software Interface de R pour les Analyses Multidimensionnelles de Textes et de Questionnaire (IRaMuTeQ). Os resultados indicaram a existência de cinco classes, denominadas: "Perspectivas", "Trajetórias", "Regras da Cozinha", "Relações de Trabalho" e "Tarefas". As análises demonstraram haver um dissenso representacional, caracterizado pelo confronto de uma perspectiva negativa sobre a profissão, em que as regras, as tarefas e as relações interpessoais estabelecidas eram marcadas por práticas de violência, e outra de caráter positivo, que consistia na afirmação identitária e na busca de uma realidade distinta da vivenciada enquanto trabalhadora doméstica. Concluiu-se, então, que os relatos divulgados retratam a disputa entre representações sociais hegemônicas, associadas ao cotidiano de trabalho, e representações sociais de oposição, manifestadas nas denúncias expostas pelas profissionais na rede social, sinalizando a presença de um movimento, em espaço digital, que visa transformar a realidade ainda negativa da profissão.