As demandas sociais têm chamado, internacionalmente, para uma crescente desumanização no Sistema de Saúde. Os avanços tecnológicos tendem a progredir. Os problemas de saúde têm desafiado a Ciências e os profissionais de saúde têm se defrontado com questões cada vez mais delicadas em relação a valores morais e éticos. Recentemente em países industrializados, a grande preocupação tem sido o resgate do sentido humanitário. O cuidado passa a receber prioridade englobando uma abordagem humanística, crítica e metafísica.Um dos problemas encontrados, refere-se à desumanização nos serviços de prestação à saúde e à resultante despersonalização dos clientes (1) . A consideração à pessoa como um todo e a consideração e sensibilidade à integridade do self, é basicamente, por assim dizer, uma ordem ética (1) . O cuidar, como um valor profissional e pessoal, é de principal importância em prover padrões normativos os quais governam as ações e as atitudes em relação àqueles a quem se cuida. Nessa condição, os clientes estão à mercê de estranhos cujas funções e papéis desconhecem, de máquinas, aparelhos, testes assustadores e de rotinas totalmente desconectadas de seus conhecidos hábitos familiares. O cliente torna-se somente um objeto a mais, outra patologia, outro tratamento, outro prontuário, outro nome na lista do cronograma das salas de cirurgias, unidades e cardápios.Os maiores desafios lançados à política orientada pela ética e ao modo-de-ser-cuidado são indubitavelmente os milhões de pobres, oprimidos e excluídos de nossas sociedades (2) . Esse antifenômeno resulta de formas injustas da organização social hoje mundialmente integrada. Com efeito, nas últimas décadas, verificou-se um crescimento na produção de serviços e bem materiais, entretanto, desumanamente distribuídos. Na crise do projeto humano, sentimos a falta clamorosa de cuidado em toda a parte (2) . Suas ressonâncias negativas, são demonstradas pela má qualidade de vida, pela penalização da maioria empobrecida da humanidade, pela degradação ecológica e pela exacerbação da violência. Não busquemos o caminho da cura fora do ser humano, entendido em sua plenitude que inclui o infinito. Ele precisa voltar-se sobre si mesmo e redescobrir sua essência que se encontra no cuidado.A realização de estudos relativos a investigar as práticas de cuidado e não cuidado são fundamentais, tendo em vista a complexidade e inter-relação dos problemas sociais, econômicos e políticos, resultantes das transformações no mundo, os quais afetam diretamente o serviço de saúde e interferem nas práticas de cuidado de profissionais de saúde. O cuidado à saúde é uma necessidade universal e vital para o processo de viver em sociedade. Contudo, a estrutura dos serviços e as práticas de cuidado à saúde parecem não responder adequadamente às necessidades da sociedade, exigindo iniciativas que possam através da criação e implementação de políticas inovadoras e criativas.