Resumo: Se a definição de gerações esteve na preocupação dos estudiosos desde os primórdios da sociologia, por outro lado sua utilização foi sempre teoricamente instável, porque polissêmica e, mesmo quando alcançado um grau de estruturação teórica alta, com Mannheim, também acompanhou a instabilidade inicial da aceitação teórica desse autor em alguns meios acadêmicos. Hoje a polissemia se mantém, mas também uma escassa atenção (ou percepção) às posições sociais geracionais e à dinâmica das relações entre as gerações, ao ponto de causar certos prejuízos analíticos, como no caso aqui apontado da violência contra os idosos -onde a análise do ponto de vista da solidariedade e do conflito entre as gerações é crucial. Palavras-chave: gerações, velhice, gênero, relações intergeracionais, violência.1. Introdução oa meio estranho estar pretendendo expor a atualidade de um conceito que tem sido discutido, e tentativamente atualizado, na sociologia, desde seus primórdios, pelo menos desde Augusto Comte. Ainda não chegamos lá...? Não chegamos, até porque, de vez em quando, esta discussão fica esquecida... O que corresponde em parte à dificuldade posta pela polissemia do termo, mas também à consideração do próprio percurso acadêmico da obra de Mannheim, relativamente pouco estudado, por períodos esquecido, recente e lentamente reintroduzido -e não apenas no Brasil. Na França, por exemplo, depois de anos de restrições e críticas a Mannheim, O problema das gerações é traduzido apenas em 1990, ganhando uma boa interpretação -"Introdução" e "Posfácio" -de Gérard Mauger. Depois disso, já aí contando com o trabalho sistemático principalmente de Attias-Donfut e de Guillemard, os estudos das gerações desenvolvem-se amplamente naquele país.