Verdades em (des)construção: uma análise sobre as práticas integrativas e complementares em saúde

Abstract

Resumo Neste artigo, buscamos conhecer como foram se constituindo alguns dos regimes de verdade sobre as práticas integrativas e complementares em saúde (Pics) nas políticas públicas de saúde, especialmente na Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), com a inclusão de saberes e práticas não convencionais no Sistema Único de Saúde (SUS). Por meio de uma abordagem qualitativa inspirada no método genealógico de Michel Foucault, as Pics são analisadas como uma invenção, uma fabricação que teve sua emergência na PNPIC. Dessa forma, este estudo possibilita refletir sobre alguns dos regimes de verdade que constituem as Pics, em suas convergências com os discursos e as práticas da promoção da saúde, na vertente que responsabiliza os estilos de vida nos processos de saúde e doença. Ao mesmo tempo, tais discursos, por meio do dispositivo do risco, direcionam as condutas dos indivíduos e da população, produzindo corpos e subjetividades controlados pelas políticas neoliberais.

Use of integrative practices in a occupational health care service / Uso das práticas integrativas em um serviço de atenção à saúde do trabalhador

“…2 The use of medicalization alone transforms suffering and experiences that were previously managed autonomously into medical problems, diseases or disorders, thus making the user dependent on it and on the constant attention of the professional. 11 Therefore, it can be said that the potential of ICP contributes to the empowerment of the individual, considering that this element is a central axis of health promotion, especially because they establish a new understanding of their health-disease process, in which the holistic perspective and the empowerment of self-care stand out, with impacts on the daily life of subjects and society. 11 It should be noted that the response to the therapeutic approach, whether pharmacological or not, also depends on various factors, whether pathological, physical, chemical, and psychological related to the progression and/or development of the disease, as well as the posture of coping adopted by the user in the face of illness.…”

“…11 Therefore, it can be said that the potential of ICP contributes to the empowerment of the individual, considering that this element is a central axis of health promotion, especially because they establish a new understanding of their health-disease process, in which the holistic perspective and the empowerment of self-care stand out, with impacts on the daily life of subjects and society. 11 It should be noted that the response to the therapeutic approach, whether pharmacological or not, also depends on various factors, whether pathological, physical, chemical, and psychological related to the progression and/or development of the disease, as well as the posture of coping adopted by the user in the face of illness. 12 Thus, it can be recognized that the use of non-pharmacological practices, the ICP, for pain control, for example, contribute to the lower potential for toxicity, thus already avoiding the occurrence of this undesirable event in the body.…”

“…Other reasons for choosing to use ICP in the care could be based on dissatisfaction with traditional medicine and its conventional approaches. 11 Thus, traditional treatments routinely used often expose the weaknesses of the health system, which remains stuck to the high cost and adverse effects that these therapies bring. 13 Moreover, they have also shown limited effectiveness for some patients' health problems, leading them to seek other forms of treatment, which are often stressful, long, and do not bring as many positive effects.…”

Diferentes Modos De Existência Na Pós-Graduação: Práticas De Cuidado Entre Saúde E Educação

“…Entre os discursos e as práticas que muito frequentemente atravessam nossos objetos de pesquisa figuram aqueles acerca do autocuidado, que marcam fortemente as políticas de Promoção da Saúde no Brasil, mas também no mundo, conforme podemos perceber ao analisar os documentos de instituições como a Organização Mundial da Saúde (Silveira, 2018). Com a pandemia de Covid-19, os efeitos do autocuidado, como regime de verdade sanitário, podem ser percebidos com maior intensidade, seja pela exposição de algumas vidas aos riscos da doença -como o das enfermeiras na linha de frente da situação emergencial-, seja no não aproveitamento das estruturas e estratégias de cuidado já existentes, que poderiam ser usadas na assistência e orientação da população quanto à prevenção e contaminação pelo coronavírus e à continuidade do cuidado daqueles usuários já em tratamento para outras doenças (Medina, 2020).…”

Práticas Integrativas e Complementares como possibilidade de cuidado em saúde mental

“…Isso posto, apresenta-se, brevemente, o que são as PICS e se explica a relevância no âmbito da saúde mental de sete delas: aromaterapia, homeopatia, medicina antroposófica, medicina tradicional chinesa e acupuntura, plantas medicinais e fitoterapia, termalismo social ou crenoterapia e yoga. (Andrade & Costa, 2010), que, em nosso território, é visto como não convencional em relação ao saber da biomedicina, que ocupa lugar hegemônico frente ao cuidado em saúde (Silveira & Rocha, 2020). Tais sistemas são compostos de abordagens que acendem aos mecanismos naturais para prevenção, promoção e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e seguras, que são baseadas em uma integração entre os pilares ser humano, meio ambiente e sociedade, com uma visão ampliada do processo saúde-doença e promoção do cuidado e do autocuidado (Brasil, 2015).…”