A procura por serviços de emergência (SE) com queixas não urgentes e pouco urgentes têm sido amplamente observados. Casos estes que poderiam ser solucionados pela atenção primária a saúde (APS) que, por sua vez, nem sempre é capaz de acolher as urgências diante da prioridade de outras tarefas e da falta de qualificação e estrutura adequada. Neste contexto, o objetivo deste estudo foi investigar os motivos da procura dos SE por usuários classificados com risco não urgente da Fundação Hospitalar Dr. Moisés Magalhães Freire (FHMMF) em Pirapora - Minas Gerais, bem como, conhecer as fragilidades da APS na visão de usuários que optam pelo SE. Trata-se de um estudo descritivo, transversal e analítico realizado com usuários maiores de 18 anos de idade, de ambos os sexos, que procuraram o SE da FHMMF, classificados como risco pouco urgente e não urgente. A coleta de dados foi realizada através de um questionário estruturado dividido em quatro blocos, sendo: Bloco I: Aspectos sociodemográficos e econômicos; Bloco II: Aspectos de saúde; Bloco III: Acesso a serviços de saúde; e Bloco IV: Motivos da procura pelo SE da FHMMF. O uso inapropriado dos SE da FHMMF em casos não-urgentes foi mais prevalente entre as mulheres, usuários com idades entre 18 e 39 anos, sem companheiro (a), com ensino médio completo, que exercem atividade laboral em tempo integral, e recebem até um salário-mínimo. Os resultados indicaram uma alta proporção de uso inapropriado dos serviços de emergência da FHMMF devido a fragilidades e falta de cobertura da APS, como o horário de funcionamento e o tempo de espera pela consulta. Diante dos resultados, enfatiza-se a necessidade de fortalecimento da APS para redução do uso inapropriado dos SE. O redirecionamento dos atendimentos não urgentes para a APS deve ser uma meta de gestão desejável, a fim de que o pronto atendimento concentre esforços em usuários em situações graves.