IntroduçãoExistem milhões de pessoas em todo o mundo direta ou indiretamente envolvidas com o que denomino "globalização econômica de baixo para cima" ou "globalização popular", como produtores, vendedores ou consumidores.1 Quem de nós nunca viu produtos "pirateados", eletrônicos, roupas, bolsas, tênis e brinquedos ou bugigangas globais sendo vendidos em mercados populares ou por vendedores ambulantes, camelôs, em locais como o saara, no rio de Janeiro, a rua 25 de Março, em são Paulo, o shopping oiapoque, em Belo Horizonte, a Feira do Paraguai, em Brasília, em barracas e até mesmo nas calçadas de qualquer cidade?Parte da definição de globalização popular refere-se à participação de agentes sociais que, em geral, não são considerados nas análises sobre globalização ou, quando são, figuram apenas como migrantes, ou "transmigrantes". na maioria das vezes, não se leva em consideração a existência de um sistema mais amplo, de escala global, cujas amplitudes e interconexões várias podem ser estudadas. os agentes sociais que me interessam são, para dizer de maneira simples e direta, gente do povo. Existe uma globalização econômica não hegemônica formada por mercados populares e fluxos de comércio que são, em grande medida, animados por gente do povo e não por representantes das elites. Uso o adjetivo popular de forma análoga a néstor garcia Canclini, em seu clássico As culturas populares no capitalismo (1982). Parafraseando a garcía Canclini, posso dizer que as globalizações populares, mais * Uma primeira versão desse artigo foi lida na iii Conferencia Esther Hermitte, instituto de Desarrollo Económico y social, Buenos Aires, 24 nov. 2006. Agradeço aos meus colegas do ides, em particular a rosana guber, pelo honroso convite.
Artigo recebido em março/2010Aprovado em julho/2010