ResumoEste artigo tem como objetivo discutir criticamente alguns aspectos biológicos e variações culturais relativos ao conceito de responsividade materna. Está subdividido em duas partes. A primeira delas trata da responsividade e seus aspectos biológicos e variações culturais. A segunda apresenta duas grandes tendências de pesquisa sobre responsividade materna e variações culturais. As considerações finais sistematizam os argumentos críticos apresentados e destacam que as iniciativas de investigar este tema devem estar pautadas pelo reconhecimento de que a responsividade materna é uma das características das interações adulto-criança que tem origens e influências múltiplas. Nesse sentido, a sua compreensão deve estar incluída em um sistema amplo de referência que envolva, por exemplo, variáveis biológicas, contextuais, da história da díade e culturais. Palavras-chave: Responsividade materna; aspectos biológicos; interação mãe-bebê; variações culturais.
AbstractThe purpose of this article was to critically discuss some biological aspects and cultural variations in maternal responsiveness. It consists of two parts. The first discusses responsiveness and its biological aspects and cultural variations. The second part presents two major research tendencies in the investigations of cultural variations in maternal responsiveness. Our conclusion presents a brief of the critical arguments and highlights the need to recognize that maternal responsiveness is one of the adult-child interaction characteristics that has multiple origins and influences, from which any investigation in this theme must be based on. As a consequence, those initiatives should be included in a wide reference system that involves, for example, biological, contextual, dyads previous history, and cultural variables. Keywords: Maternal responsiveness; biological aspects; mother-infant interaction; cultural variations.* Endereço para correspondência: Rua Maria Amália, 87/ 401, Tijuca, Rio de Janeiro, RJ, 20510-130. E-mails das autoras: aribas@globo.com e mlseidl@gmail.com Este artigo tem origem na tese de doutorado da primeira autora, orientada pela segunda autora, no Programa de Pós-graduação em Psicologia Social da UERJ, em 2004.Várias perspectivas em psicologia, como, por exemplo, a teoria do apego (Bowlby, 1984), consideram que as trocas sociais que as crianças estabelecem com seus cuidadores durante a infância podem repercutir sobre o desenvolvimento da própria criança, do ponto de vista cognitivo, emocional e social. Esse é um dos motivos pelos quais, como assinalam diversos autores (Ex. Tamis-LeMonda, Bornstein, Baumwell & Damast, 1996;Wakschlag & Hans, 1999), o conceito de responsividade materna tem sido considerado relevante nos estudos sobre desenvolvimento infantil. Embora, como assinalado por Ribas, Seidl de Moura e Ribas Jr. (2003), não haja uma definição única do conceito de responsividade materna, uma possibilidade de definição é a de que a responsividade se caracteriza por comportamentos maternos contingentes, apropriados e imediatame...