Reserva Extrativista Marinha de Soure, Pará, Brasil: Modo de Vida das Comunidades e Ameaças Ambientais

Abstract

Federal que abriga populações tradicionais, as quais desenvolvem intensa relação com a natureza caracterizando seu modo de vida e consequentemente sua cultura. O trabalho objetivou apresentar o modo de vida das comunidades Vila do Pesqueiro, Comunidade do Caju-Úna e Povoado do Céu e informar acerca das ameaças ambientais constatadas na Reserva Extrativista Marinha de Soure, Pará, Brasil. Foram realizadas visitas técnicas que oportunizaram conversas informais com moradores, aplicação de questionários aos líderes comunitários e gestores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), além da obtenção de registros visuais das comunidades. Foram determinados in loco os parâmetros pH, temperatura, sólidos totais dissolvidos, condutividade elétrica, cor e turbidez em amostras de água coletada em cinco corpos hídricos visando uma avaliação preliminar da sua qualidade ambiental. O modo de vida das comunidades caracteriza-se por atividades extrativistas como pesca artesanal, catação de caranguejo e coleta, e cultivo de espécies vegetais. As ameaças ambientais identificadas foram a pesca e catação do caranguejo fora do defeso por extrativistas usuários, deficiências no recebimento do auxílio-defeso, construção de estradas e extração ilegal de areia das praias, resíduos sólidos na praia, e indícios de alteração da qualidade da água. Os recursos hídricos superficiais podem ser enquadrados legalmente como águas salobras, e as águas dos poços amazonas e nascentes como águas doces classe 2. Medidas estratégicas com vistas à conservação dos recursos naturais e culturais, e da integridade das populações tradicionais são imprescindíveis nesta Unidade de Conservação.

Environmental perception in traditional communities: a study in Soure Marine Extractive Reserve, Pará, Brazil

“…Most people live in stilt houses built with funds from federal financing projects in partnership with the National Institute of Colonization and Agrarian Reform (INCRA) (OLIVEIRA, 2012). These houses receive electricity and the water supply is still precarious; in the case of Vila do Pesqueiro, there is piped water supply, but in Comunidade do Caju-Úna and Povoado do Céu, water is obtained from community wells and/or water trucks (LOBATO et al, 2014).…”

“…The Soure Marine Extractive Reserve (Soure RESEX-Mar) was created with the advent of environmental problems caused by migrants from other regions who practiced inadequate exploitation of natural resources, such as fishing and crab collection during the closed season (LOBATO et al, 2014).…”

Diferentes olhares do Turismo de Base Comunitária da Reserva Extrativista Marinha de Soure, Amazônia

“…Em 2013 o ICMBIO iniciou o projeto de ordenamento de uso público na UC "Praias de Soure: nosso paraíso Marajoara", no entanto sem divulgação do perfil da demanda turística, frequentemente citada como "massiva", "ameaça" (PINHEIRO et al, 2013) e "predatória" (LOBATO et al, 2014). Assim, embora a amostra foi somente de 5 pessoas, considera-se importante para a pesquisa, somando-se à estratificação complementar.…”

“…Autores diversos apontam desafios das reservas extrativistas, tais como: produção e conservação, turismo desordenado, qualidade de vida da comunidade local (OLIVEIRA, 2012;RISSO, 2012;FALCÃO, 2013;ALVITE et al, 2014;LOBATO et al, 2014;BRASIL, 2018;HAMOY, 2018). Apesar das dificuldades as RESEX federais correspondem a cerca de 20% das categorias de UC, no entanto somente 8% em área (ICMBIO, 2019).…”

Reservas extrativistas marinhas: perspectivas e limitações para jovens pescadores

“…Nos estudos da área das Ciências Ambientais, são tratados temas como a identificação de espécies vegetais nativas utilizadas pelos pescadores; uso, apropriação e sustentabilidade dos recursos (como a água); os limites e os desafios da gestão democrática e da participação nos conselhos deliberativos; o etnoconhecimento no que concerne às técnicas, aos instrumentos utilizados nas atividades econômicas desenvolvidas pelas populações tradicionais e à apresentação do modo de vida das comunidades; as ameaças ambientais nesses territórios (CARNEIRO et al, 2010;SPINOLA LIMA, 2012;BITTENCOURT, 2012;LOBATO et al, 2014;ERLER et al, 2015;MUSIELLO-FERNANDES et al, 2017). Destacam-se ainda nos trabalhos o tipo de gestão aplicada a essas áreas e a percepção das populações locais a respeito do tipo de administração do território.…”