Relação entre índice de qualidade das águas e densidade demográfica dasimétrica em igarapés urbanos Amazônicos

Abstract

A urbanização insustentável acarreta números impactos ambientais, o que acaba repercutindo na depleção da qualidade ambiental, particularmente nas águas superficiais urbanas. Estudos relacionando a densidade demográfica à qualidade da água ainda são escassos. Diante disso, o objetivo da presente pesquisa foi avaliar a qualidade das águas urbanas em Ji-Paraná (RO) e identificar as relações existentes entre a densidade demográfica dasimétrica e o Índice de Qualidade das Águas (IQA) em seus igarapés urbanos. Nas etapas metodológicas foram selecionados 10 diferentes postos de amostragem em setores censitários de distintas classes de densidade demográfica, resultantes da interpolação de dados orbitais e censitários, sendo que para cada posto foram aferidos os IQA nos períodos chuvoso, vazante, estiagem e enchente, perfazendo 8 campanhas de coletas. As amostras foram caracterizadas por meio de análises físicas, químicas e microbiológicas consoantes com normas nacionais (NBR/ABNT) e internacionais (SM/APHA). Por fim, os valores de densidade demográfica dasimétrica foram correlacionados estatisticamente com os de IQA, por meio da correlação de Pearson. De acordo com os resultados obtidos, a área de estudo possui uma amplitude na densidade demográfica dasimétrica de 6976 habitante/km²; foi evidenciada baixa qualidade dos igarapés urbanos, grande parte dos postos apresentaram IQA na classe péssima e ruim nos quatro períodos, sobretudo nos de enchente e chuvoso, e o período vazante apresentou maior sensibilidade de correlação, com valor de ρ=-0,75, enquanto os demais períodos apresentaram fraca correlação negativa. As correlações negativas da densidade demográfica dasimétrica com o IQA indicam uma relação de depleção na qualidade da água superficial urbana em decorrência do aumento da concentração populacional, conquanto sejam diversos e complexos os aspectos envolvidos nesse vínculo.

Qualidade da água de nascentes urbanas: estudo de caso em microbacia Amazônica, município de Ji-Paraná/RO

“…Destaca-se a alta densidade de Coliformes Totais nas nascentes G e H e também no exutório da bacia. Esses dados coincidem com os resultados obtidos por Butzke et al (2015) e Rocha et al (2018), na análise da água de igarapés em Ji-Paraná nos quais a densidade de coliformes totais atingiu 400000 UFC/100 ml e mais de 20 milhões de UFC/100ml, respectivamente. Resultado semelhante aos dados de Coliformes Totais é observado para a densidade de Coliformes Fecais.…”

“…Além disso, Melo et al (2017) Em geral, os resultados apontam para os diversos impactos sofridos pelas nascentes. Da mesma forma, estudos realizados na região urbana de Ji-Paraná indicam o alto nível de degradação dos córregos urbanos, dentre eles do Igarapé Dois de Abril (ROCHA et al, 2018;SANTOS et al, 2017). Tais conclusões vão de encontro aos resultados obtidos por Oliveira et al (2017), no qual testes ecotoxicológicos comprovam os efeitos tóxicos em comunidades de microalga Chlorella vulgaris de igarapés urbanos em Ji-Paraná.…”

“…Na região Norte do Brasil, apesar da riqueza hídrica, um dos principais problemas é a precariedade do serviço de coleta e tratamento de esgoto (ANA, 2017). Estudos desenvolvidos na região têm indicado alterações nas características da água de igarapés e rios amazônicos por meio da análise de variáveis limnológicas (BEZERRA et al, 2014;BUTZKE et al, 2015;MEDEIROS et al, 2017;PEREIRA et al, 2016;ROBOREDO et al, 2016;ROCHA et al, 2018;SANTOS et al, 2017). No entanto, de forma geral as pesquisas e aspectos normativos não são direcionadas especificamente para áreas de nascentes (MARMONTEL et al, 2018).…”

“…Esta, porém é a localização amostral com maior nível de impacto antrópico e juntamente com a nascente G, apresenta estado de conservação ambiental altamente degradado. Pelo exposto, não houve variação estatística significativa para a maior parte das variáveis estudadas entre as nascentes mencionadas (H e G) e o exutório da bacia, uma vez que estudos anteriores já indicam qualidade ambiental ruim de diversos pontos do Igarapé Dois de Abril, sobretudo na região de urbanização densa(ROCHA et al, 2018;SANTOS et al, 2017), como também é o caso dos locais em que se encontram as nascentes H e G, as mais visualmente impactadas. SILVA, D. P. P.; ANDRADE, N. L. R.; WEBLER, A. D.…”

“…Tur.=Turbidez; RT= Resíduos Totais; T= Temperatura; OD= Oxigênio Dissolvido; FT= Fósforo Total; Ni-Nitrito; Na= Nitrato; Am= Nitrogênio Amoniacal; CT= Coliformes Totais; CF= Coliformes Fecais.As marcações em coloração cinza dispostas na Tabela 01 indicam os valores de p que expressam significância (α<0,05). Em suma, as variáveis químicas (pH, Oxigênio Dissolvido, Fósfoto Total, Nitrito, Nitrato, Nitrogênio Amoniacal) e microbiológicas (Coliformes Totais, A supressão da mata ciliar é um aspecto marcante em grande parte das nascentes em estudo, sobretudo nas nascentes que obtiveram maior índice de turbidez, o qual cerca de 40% das áreas de APP dos córregos e nascentes da área urbana de Ji-Paraná-RO são compostas por vegetação rasteira e 17% por área urbana(ROCHA et al, 2018), tal realidade evidencia a condição insatisfatória da vegetação ripária dos corpos hídricos da região. De forma semelhante,Roboredo et al (2016) relatam as condições insustentáveis de uma microbacia na porção sul da região Amazônica que apresenta áreas agrícolas, principalmente pastagem, que favoreceu para os baixos valores do índice de sustentabilidade aplicado na microbacia.Os resultados apresentados em igarapés de pequeno porte porOliveira et al (2014) no interior de São Paulo indicaram que mesmo o corpo hídrico apresentando vegetação ripária e ausência de emissão de esgotos, a erosão é a principal causa para aumento da concentração de sólidos em suspensão.…”