Razões para a Manutenção do Laço Conjugal diante de Eventos Críticos em Casamentos Longevos

Abstract

O objetivo deste estudo foi conhecer como cônjuges engajados em relacionamentos de longa duração enfrentaram eventuais situações de crise conjugal e suas repercussões sobre suas concepções acerca da separação. Foram entrevistados 25 casais unidos, em média, havia 39,48 anos, com variação de 32 a 53 anos. A média de idade dos cônjuges foi de 64,06 anos, variando de 51 a 82 anos, todos provenientes de cidades do interior dos estados de São Paulo e Minas Gerais. Os participantes foram entrevistados individualmente e em díades por meio de dois roteiros distintos, totalizando 75 entrevistas. A análise temático-reflexiva resultou em três temas principais: 1) menções à possibilidade de divórcio; (2) eventos críticos deflagradores de reflexões sobre o divórcio; (3) justificativas para não se divorciar. A separação conjugal foi aventada em variados contextos, relacionada aos filhos, ao desgaste da relação, à rotina e aos conflitos inerentes à partilha da conjugalidade. A perspectiva de abandonar o casamento, contudo, na maioria dos casais entrevistados, foi superada por reflexões que envolviam aspectos socioculturais, a responsabilidade do casal para com a criação dos filhos e até mesmo os aspectos financeiros que poderiam impactar a vida de ambos os cônjuges pós-dissolução.

Entre altos e baixos

“…Palabras clave: relaciones conyugales, satisfacción marital, paternidade, longevidad A vida conjugal é um espaço privilegiado para vivências significativas de forte valência emocional (Carr et al, 2014). No contexto do casamento de longa duração, com mais de 15 anos de união, é preciso considerar que o relacionamento já passou por diversas transformações (Costa & Mosmann, 2015;Grizólio et al, 2015Grizólio et al, , 2020Norgren et al, 2004;Oliveira et al, 2020;Silva et al, 2017).…”

“…Quais as estratégias empregadas para a resolução de conflitos e para a perpetuação do relacionamento? Embora esses questionamentos já tenham sido endereçados na literatura científica (Goulart et al, 2019;Grizólio et al, 2020;Silva et al, 2017), pode-se questionar em que medida os momentos considerados significativos nesses relacionamentos podem permitir uma compreensão do casamento para além de marcadores que assinalam a permanência (Scorsolini-Comin et al, 2018), mas em seus processos de instabilidade e mudança, os seus "altos e baixos" como um fenômeno dinâmico e demarcador de um fenômeno desenvolvido ao longo do tempo.…”

“…Foram empregados os seguintes instrumentos, (Costa & Mosmann, 2015;Grizólio et al, 2015Grizólio et al, , 2020Margelisch et al, 2015;Norgren et al, 2004;Oliveira et al, 2020). Além disso, em uma dimensão política, é pos-sível perceber hoje que a repercussão do ideário feminista e a abertura gradativa para que a mulher possa exercer com autonomia o direito a fazer suas escolhas, têm influenciado na decisão por não ter filhos, incrementando também a busca de valorização por outras vias que não a maternidade (Emídio & Gigek, 2019).…”