Foi observado que no Semiárido Brasileiro a fecundidade vem se reduzindo continuamente nas últimas décadas, refletindo uma tendência nacional. Com uma população de cerca de 22 milhões de habitantes em 2010, trata-se de uma região com características geográficas adversas com baixos níveis educacionais e econômicos, comparado com o Brasil como um todo. Estudos sobre a fecundidade para o semiárido são praticamente ausentes e não são claras as influências que programas sociais e de amparo do governo exercem sobre seu comportamento. Com esta motivação teve-se como objetivo estudar o relacionamento entre os níveis de fecundidade com níveis socioeconômicos, situação de domicílio e programas de proteção social do Semiárido Brasileiro. O estudo é focado nas 137 microrregiões da região levando em conta o porte populacional dos 1133 municípios, acompanhamento da saúde e educação dos membros de famílias beneficiárias do Projeto Bolsa Família, cobertura da Estratégia Saúde da Família e Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios. Para analisar as relações entre a fecundidade e estes fatores foi utilizada análise de regressão linear para 1991, 2000 e 2010. Observou-se para 2010 uma relação linear inversa com a qualidade de vida nos municípios medida pelo IDHM. A relação das TFT dos municípios em 2010 com os IDHM separados por seus portes populacionais revelou uma relação linearmente inversa, com exceção dos municípios com menos de 5.000 habitantes e de 100.001 a 500.000 habitantes. O relacionamento das TFT dos municípios com a cobertura do PBF e ESF mostrou-se com uma baixa correlação, embora tenha sido significativa. Ademais, foi desenvolvido um modelo de regressão logística para verificar as chances de um município no Semiárido estar abaixo ou acima no nível de reposição. Verificou-se que as maiores influencias estão relacionadas a renda e vulnerabilidade das mulheres menores de idade. Concluiu-se que a queda da fecundidade no Semiárido Brasileiro está diretamente relacionada com o tamanho populacional dos municípios e com a melhora na qualidade de vida. Os níveis da fecundidade apontaram para uma tendência decrescente e de homogeneização dos níveis entre os municípios do Semiárido brasileiro.