Processos conscientes e inconscientes na produção de falsas memórias

Abstract

Nossas recordações podem nos lud r? Apesar de estarmos, em geral, relat vamente seguros da acurác a de nossas memór as, pesqu sas recentes na área de falsas memór as nd cam que, sob algumas cond ções, as "certezas" de recuperação de eventos podem ser enganadoras (Roed ger & McDermott, 1995). Há nd cações de que processos de aprend zagem poderão ocorrer em cond ções em que as palavras são quase mperceptíve s ou " nv síve s" ao olho humano (Seamon, Luo & Gallo, 1998). As falsas memór as se referem às lembranças de eventos que na real dade não ocorreram ou a recordação de eventos de uma forma bastante d ferente de como realmente aconteceram (Roed ger & McDermott, 1995). Roed ger (1996) refere-se ao fenômeno como " lusões de memór a" ao traçar um paralelo com as ma s conhec das lusões da percepção. Segundo o autor, as lusões de memór a correspondem a s tuações em que a recordação de uma lembrança passada é ser amente d storc da do evento or g nal, que realmente aconteceu.Em 1995, Roed ger e McDermott propuseram um mé-todo, cr ado n c almente por Deese, em 1959, que nduz as pessoas a se convencerem de que t veram uma exper ênc a como, por exemplo, ver uma palavra que na verdade nunca ocorreu. Esse método ficou conhec do como o parad gma DRM. No parad gma, o exper mentador apresenta uma l sta de palavras semant camente relac onadas como costura, linha, ponta, furar, espetar, injeção, bordar e palheiro. Depo s, em um teste de memór a, os part c pantes devem reconhecer qua s palavras foram apresentadas anter ormente. Nessa etapa, ncluem-se palavras apresentadas na etapa de estudo (por exemplo, costurar e bordar) e palavras novas (por exemplo, agulha, porta e doce). A palavra agulha é denom nada de palavra crít ca não apresentada, porque traduz a essênc a semânt ca da l sta que fo exper enc ada e é a palavra que está ma s fortemente assoc ada à l sta. Na ma or a das vezes, as pessoas lembram corretamente de ter v sto costura e bordar e não ter v sto porta e doce. Ma s nteressante, a nda, é o fato de os nd víduos freqüentemente estarem conv ctos de que leram também a palavra agulha, que não fo apresentada na etapa de estudo. Esse método tem se mostrado mu to eficaz na ndução, espec almente em nível exper mental, de falsas lembranças (Payne, El e, Blackwell & Neuschatz, 1996;Roed ger & McDermott, 1995;Stadler, Roed ger & McDermott, 1999;Zeelenberg, Plomp & Raa jmakers, 2003).O teste de reconhec mento tem s do freqüentemente assoc ado ao parad gma DRM, po s perm te a exploração da técn ca "lembrar/saber" (remember e know) proposta por Tulv ng (1985). Essa técn ca contr bu para a compreensão da questão sobre a at vação consc ente ou não, durante a fase de cod ficação, da nformação estudada. A exper ênc a de lembrar é defin da como "rev ver" mentalmente a exper ênc a, ou Processos Conscientes e Inconscientes na Produção de Falsas MemóriasT n Po Huang 1 Gerson Amér co Janczura Universidade de Brasília RESUMO -Este estudo ver ficou o efe to do t po de teste e tempo de apresentação dos estímulos durante a cod ficação na produçã...

Inter-item associations for the Brazilian version of the Deese/Roediger-McDermott paradigm

“…Caution should thus be exercised when generalizing these norms to other Portuguese-speaking regions or countries, as word associations may be infl uenced by geographical and cultural specifi cities. However, the fact that robust false memory results were obtained with this stimulus set in other Brazilian regions (e.g., Huang & Janczura, 2008) suggests that the association properties captured in these norms are relatively stable across regions. The second potential limitation concerns the age range of the sample (16-52 years).…”

Contexto emocional negativo e processamento consciente na produção de falsas memórias em tarefas de reconhecimento

“…O tempo do intervalo entre estímulos foi de 32 ms em todas as condições experimentais. A escolha deste intervalo foi baseada em estudos experimentais com o objetivo de maximizar as taxas de falsas memórias (Huang & Janczura, 2008;McDermott & Watson, 2001). Após a apresentação da última lista, a tela do computador voltou a permanecer em branco e os participantes foram instruídos a realizar uma tarefa diferente, dando início à atividade interpolada, que consistiu em executar, durante dois minutos, operações aritméticas de multiplicação, adição e subtração.…”

“…Pesquisas mostraram que o tipo de processamento, consciente ou automático durante a codifi cação, afeta a produção de falsas lembranças (Cotel et al, 2008;Huang & Janczura, 2008). Zeelenberg, Boot e Pecher (2005) demonstraram que a ativação do distrator crítico durante a fase de estudo não é necessária para se produzir falsos reconhecimentos.…”

“…Teoricamente é razoável supor que a ativação compreenda diferentes naturezas de sistemas mnemônicos interconectados. Evidências sugerem que o tipo de informação poderá determinar a rede associativa a ser ativada e codifi cada que, por sua vez, infl uenciará o processo de recuperação (Brainerd et al, 2008;Huang & Janczura, 2008;Porter et al, 2003).…”

Falsas memórias no Teste Pictórico de Memória

“…Por Seamon, Luo e Gallo (1998) utilizaram durações de apresentação de 20, 250 e 2000 milissegundos (ms) e mostraram um aumento no falso reconhecimento dos itens críticos não apresentados com o aumento da duração da apresentação dos itens da lista. Arndt e Hirshman (1998) mostraram resultados semelhantes quanto aos falsos reconhecimentos em durações que variaram de 300 a 3000 ms. O único estudo brasileiro que conseguimos localizar nesse sentido (Huang & Janczura, 2008) também vai na mesma direção, ou seja, manipulando quatro tempos de apresentação dos estímulos (20, 250, 1000 e 3000 ms), eles mostraram que intervalos de tempo maiores produzem índices maiores de FM.…”