A automedicação é uma forma comum de autocuidado que envolve o uso de medicamentos pelo consumidor para tratar distúrbios ou sintomas auto-reconhecidos. 1 Trata-se de uma prática muito frequente no Brasil, com prevalência estimada entre 16 a 35% na população adulta. 2,3 Apesar dos seus benefícios individual e social, sobretudo, quando exercida de forma responsável, esta tem sido associada a riscos como interações medicamentosas, polifarmácia, abuso ou dependência de medicamentos, diagnóstico incorreto e escolha inadequada do tratamento e ao possível aumento dos gastos em saúde. 1,[3][4][5] No artigo publicado nesta edição, Pinto et al. conduziram uma análise farmacoepidemiológica que avaliou a prevalência e fatores associados a automedicação entre portadores de doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) tratados no âmbito do Sistema Único de Saúde. 6 Os autores encontraram elevado consumo de medicamentos sem prescrição médica na população analisada, principalmente entre mulheres com várias comorbidades e baixa escolaridade e renda familiar.Sabe-se que automedicação entre portadores de doenças crônicas pode afetar a adesão ao tratamento, impactando negativamente nos resultados terapêuticos. 7 Por outro lado, está bem documentado na literatura que a DPOC é uma doença que frequentemente acomete indivíduos idosos e coexiste com outras comorbidades cujo manejo visa garantir a simplicidade do tratamento e minimizar a polifarmácia. Nesse contexto, é fundamental que os profissionais de saúde envolvidos no cuidado ao portador de DPOC estejam atentos a qualquer tipo de prática de automedicação e preparados para ajudar os pacientes a fazer escolhas racionais, fornecendo instruções sobre como e quando tomar os medicamentos, a duração e o objetivo do tratamento.Além disso, os achados do estudo levantam a discussão sobre a importância da avaliação criteriosa da experiência medicamentosa em pacientes com DPOC visando identificar, resolver e prevenir problemas relacionados a medicamentos. Ademais, o presente estudo revela uma oportunidade para os farmacêuticos atuarem no gerenciamento da terapia medicamentosa dessa população, promovendo o uso racional de medicamentos.