O texto é a mediação pela qual nós nos compreendemos a nós mesmos[as]. (RICOEUR, 1986) RESUMO Esta pesquisa, situada no âmbito da Linguística Aplicada, é uma autoetnografia evocativa (ELLIS, 2004). Nela, narro práticas de letramento (STREET, 2007, 2012, 2013) na formação de leitores/as infantis que planejei e executei, no ano de 2018, numa sala de aula cujos/as aprendizes cursavam o 2º ano do ensino fundamental, em uma escola pública municipal de Uberlândia-MG, na qual sou professora da disciplina Literatura e outras linguagens. Meu objetivo é evidenciar como e em que medida essas práticas de letramento, concebidas na perspectiva da hermenêutica ricoeuriana, podem levar à formação de leitores/as infantis como sujeitos críticos. O caminho de pesquisa autoetnográfica evocativa que segui, nesta tese, pressupõe que uma boa história de si (ELLIS, 2004) seja teórica, pois ao contá-la a pessoa emprega técnicas analíticas para interpretar seu mundo. Para compor os materiais empíricos com os quais teorizo ou conto esta história, utilizo a minha memória, os diários de leituras de vinte e quatro crianças, de sete a oito anos de idade, que eram meus/minhas aprendizes, entrevistas que fiz com elas focadas nesses diários e o meu diário etnográfico. Conclui esta pesquisa respondendo à questão que dela decorreu, a saber: como e em que medida práticas de letramento que planejo e executo, concebidas na perspectiva da hermenêutica ricoeuriana, podem levar à formação de leitores/as infantis como sujeitos críticos? Ora, conjugando, nas leituras, análises e reflexões; e confiando nas capacidades desses sujeitos de poder e de agir. Analisar impõe o modo indireto e fragmentário de todo e qualquer retorno a si, e refletir vincula compreensão do texto e compreensão de si (RICOEUR, 2014). Esta resposta não é uma verdade, mas tão somente um devir (DELEUZE; PARNET, 1998). A narração das práticas de letramento na formação de leitores/as infantis que planejei e executei, no ano de 2018, proporcionou a ampliação da compreensão que eu tinha dessas práticas, de mim mesma e, consequentemente, de mim mesma no mundo e, ainda, deixou explícito como estou moldando e implantando uma ferramenta, atitude e filosofia de letramento crítico (SOUZA,