As variedades linguísticas socialmente desprestigiadas em relação à chamada norma culta, podem configurar processos de discriminação e exclusão social em ambientes sociais diversos. A desqualificação social derivada da discriminação e do preconceito linguístico, quando naturalizada, pode sugerir que falantes discriminados tem dificuldades individuais de aprendizagem ou de saúde, por suposta alteração cognitiva, articulatória ou de comunicação. Este estudo partiu de situação concreta, vivenciada em clínica-escola universitária: procura de jovens e adultos com queixas relacionadas aos modos de falar, sob a premissa de que a discriminação desses modos poderia indicar agravo de saúde. O objetivo da pesquisa foi investigar e caracterizar essa demanda através de estudo de caso, com estratégia metodológica de Grupo de Discussão. Os resultados da pesquisa sugerem a existência de “patologização” das variações dos modos de falar, que levam a efeitos sociais e subjetivos com potencial para prejudicar a saúde, além das oportunidades de inserção social e econômica, e do exercício da cidadania. Situação que leva à indagação: não seria esta uma situação de vulnerabilidade a ser considerada em ações de promoção da saúde?
Palavras-chave: Promoção da Saúde, preconceito linguístico, vulnerabilidade em saúde.