Este artigo discute as relações de gênero, raciais, e sexualidades num contexto de vitimização prisional e suas interfaces com a educação, através da leitura de obras literárias e produção textual. Foi colocado como problema de pesquisa: até que ponto os internos envolvidos em projetos de leitura e produção textual são levados a refletir através de textos literários que abordem determinadas questões de gênero, raciais e sexualidades? A pesquisa foi realizada em um estabelecimento penitenciário do interior da Bahia, o Conjunto Penal de Paulo Afonso e utilizou-se por metodologia a Análise do Discurso do Sujeito Coletivo (ADSC), sendo a amostra constituída por 40 sujeitos, dos quais 30 foram presos envolvidos em projetos de leitura e escrita e 10 trabalhadores prisionais. Os resultados mostram no discurso coletivo de 92,5% (n=37) dos pesquisados que a remição por leitura é a principal prática pedagógica adotada no uso da leitura e produção textual e para 72,5% (n=29) da amostra ela fomenta, quando associada a educação em direitos humanos, a reflexão sobre racismo, violência sexual, riscos de infecções por DST e questões de gênero a ponto dos presos expressarem suas opiniões sobre tais temas em seus relatórios de remição de pena pela leitura.