As serpentes têm desempenhado um papel importante no simbolismo das culturas ao longo da história. Elas têm sido incorporadas em tradições, crenças e costumes de muitas sociedades e, apesar de seu imenso valor ecológico, a zoofobia e as atividades humanas vem reduzido progressivamente suas populações. O objetivo deste trabalho foi identificar a relação entre seres humanos e serpentes na comunidade da Vereda El Laurel, Quimbaya-Quindío, Colômbia. Por meio de questionários e entrevistas estruturadas com residentes adultos e a comunidade estudantil, foi constatado que emoções negativas como medo e repulsa predominaram em ambos os grupos etários. Além de ter implicações evolutivas, o medo é fortemente influenciado pela transmissão de conhecimentos e crenças de pais para filhos. As percepções de perigo representadas pelas serpentes são replicadas nas novas gerações, observando-se uma diminuição da vontade de conservação à medida que crescem. O reconhecimento dos morfotipos desenhados pelos estudantes girou em torno de serpentes com anéis vermelhos, pretos e amarelos, e de cores verde e preto, o que está relacionado à frequência de avistamento, tamanho, padrão de cores (principalmente cores aposemáticas) e potencial venenoso. Além disso, as etnoespécies mais mencionadas foram a cobra-coral-rabo-de-alho (Micrurus mipartitus Duméril, Bibron e Duméril), a cobra-coral-mata-gado (gênero Micrurus) e a cobra-verde (Leptophis ahaetulla Linnaeus). Registrar e compreender as percepções e conhecimentos da comunidade permite uma visão geral dos conflitos seres humanos-serpentes a partir da realidade dos moradores para que se possa subsidiar estratégias de conscientização e desmistificação em prol da resolução desses conflitos e consequente consrvação das espécies de serpentes na região Vereda El Laurel.