RESUMO -O objetivo deste estudo foi investigar, através de uma abordagem qualitativa, o envolvimento paterno e a experiência da paternidade no contexto da Síndrome de Down (SD). Foram entrevistados seis pais de crianças com SD, cujos filhos tinham idades entre nove meses e três anos e três meses. Os resultados revelaram que os pais participavam ativamente das atividades e cuidados dos filhos, sendo responsáveis por diversas tarefas que os envolviam, embora o tempo disponível para estar com eles fosse restrito em função do trabalho. De qualquer forma, apesar das dificuldades, tanto objetivas (financeiras, tempo, emprego), como mais subjetivas (aceitação, tristeza, preocupação), eles demonstraram uma boa adaptação ao filho com SD, conseguindo exercer seu papel de pai.Palavras-chave: envolvimento paterno; Síndrome de Down; paternidade.
Paternal Experience and Paternal Involvement in the Context of the Down SyndromeABSTRACT -The aim of the present study was to investigate, through a qualitative approach, paternal involvement and paternal experience in the context of the Down Syndrome (DS. More specifically, it aimed to understand the impact of DS on paternal involvement and experience. Six fathers of children with DS were interviewed, whose children were between nine months and three years and three months. The results indicated that fathers had been participating actively in children's activities and caretaking, being responsible for several tasks, although the available time to spend with them was restricted because of their jobs. In spite of both objective (financial, time, job) and subjective difficulties (acceptance, sadness, preoccupation), they demonstrated good adaptation to their child with DS, being able to carry out their role as a father.Keywords: paternal involvement; Down Syndrome; fatherhood. A visão do pai 3 como alguém que desempenha unicamente o papel de provedor na vida da família e dos filhos vem sendo substituída pela percepção de que ele é um membro que pode exercer inúmeros papéis significativos, dentre os quais o de companheiro, protetor, cuidador, modelo, orientador e professor (Lamb, 1997). Por outro lado, mesmo com a emergência deste novo pai, Lewis e Dessen (1999) ressaltam que qualquer análise da paternidade precisa começar com a observação de que em poucas sociedades o pai assume os cuidados rotineiros com relação às crianças. Os homens continuam se representando e sendo representados por papéis fora do centro das interações familiares, o que pode ser justificado pelas pressões do trabalho, pela falta relativa de recompensa por seu engajamento nos cuidados das crianças e pelas sutis negociações entre os parceiros sobre a parte a ser desempenhada pelo homem na família.3 Para fins de clareza, no presente artigo o termo pai(s) será utilizado apenas para designar o pai, enquanto o termo "pai(s) e mãe(s)" será utilizado quando se estiver fazendo referência a ambos os genitores.De acordo com esses autores, talvez por isso o pai seja notado pela sua ausência, principalmente em relação à vida d...