A conjuntura dos desmontes na saúde pública brasileira tem forçado aos trabalhadores do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil a buscarem conhecimento crítico sobre as políticas de saúde fora da educação formal. Desde o golpe de 2016, um coletivo formado por profissionais de saúde chamado ‘Formação é Política’ se auto-organizou no sentido de construir a crítica necessária aos retrocessos vividos no direito à saúde no Brasil através de um curso de formação política. Assim, este estudo teve como objetivo analisar a percepção dos trabalhadores do SUS que participaram do curso de ‘Formação Política em Saúde’ sediado na cidade de São Paulo, Brasil, sobre a importância da formação política crítica. Tratou-se de uma pesquisa qualitativa que usou a Análise de Conteúdo Clássica do tipo frequencial para analisar os discursos de 88 trabalhadores que frequentaram o curso. Do ponto de vista pedagógico, o curso foi baseado nos princípios freireanos (como tendência pedagógica) e com uso de métodos ativos de ensino-aprendizagem (como estratégias pedagógicas). Os 100% (102) discursos analisados puderam ser sistematizados em 11 categorias de análise, dos quais 23% (27) depositavam a importância da formação em “Nos faz(er) refletir sobre o nosso papel social e profissional”. Em última instância o conteúdo do curso permitiu alçar outros olhares e reconhecer a política numa chave mais totalizante. Mesmo considerando este movimento formativo essencial, há muito que se fazer para garantir uma mudança substancial no âmbito do ‘político’ em uma perspectiva crítica para a saúde coletiva.