Diante do processo de degradação do bairro do Recife, planos e projetos de requalificação urbana foram elaborados desde a década de 1970. Procurando dotar o bairro de novos equipamentos de turismo, lazer e adequá-lo para atividades da economia criativa, o grande projeto urbano da zona portuária foi concebido como parte da preparação da cidade para a Copa de 2014, sendo uma expressão do planejamento urbano estratégico. O presente artigo analisa a implementação do referido projeto, destacando os equipamentos implantados, os conflitos e contradições referentes ao uso e apropriação do espaço público. Para tanto, faz uma discussão sobre os planos e projetos que o antecederam, ressaltando o esforço do poder público e os interesses da iniciativa privada na requalificação desse bairro da área central da cidade. Um elemento positivo do projeto refere-se à conservação das estruturas degradadas. Porém, sua concepção é bastante seletiva, ao priorizar o consumo da classe média. Já a apropriação do espaço público vai na contramão, com a copresença de grupos citadinos “periféricos”, que deixam em evidência que o uso do espaço público é um direito à cidade