O Que Fazer No Ano Que Vem? Articulações Entre Juventude, Tempo E Escola

Abstract

RESUMO: Este artigo analisa o que dizem os jovens sobre futuro. O objetivo central é refletir sobre as possibilidades de articulação entre tempo, juventude e escolarização, com material empírico produzido em uma escola pública de Porto Alegre-RS. A metodologia de pesquisa foi a entrevista narrativa, analisada na perspectiva dos estudos culturais. Os jovens entrevistados frequentavam a oitava série, sendo a última oferecida pela escola, e se deparavam com a necessidade de pensar o que fazer no “ano que vem”. Como resultados, a escola continua se mostrando como um importante lugar para a construção de um futuro de sucesso. A escolarização como imperativo se fixa, então, na certificação, no status e nos acessos que, supostamente, viabiliza.

A Teoria Fundamentada de Dados como proposta metodológica

“…A partir dessa perspectiva, percebemos que a escola contemporânea ainda é entendida como um espaço de projeções para o futuro, por ensinar, certificar, abrir possibilidades, constituindo-se principalmente como um investimento para o amanhã. A juventude, devido à pressão social e cultural e também por um pressuposto biológico, é entendida como um lugar de passagem, da travessia do passado para o futuro, de transição da infância para a vida adulta, assumindo que é a escola o espaço em que se fornece essa preparação (ANDRADE, 2017). Porém, ao assumir uma centralidade na objetivação do ensino médio como preparação para o ingresso na universidade, são desconsiderados outros propósitos desses jovens, as dimensões materiais, políticas, históricas, culturais que atravessam suas vidas e seus sonhos.…”

Juventudes E Escolas: Clima Escolar, Mobilização, Participação E Autoeficácia

“…Durante a revisão das pesquisas brasileiras produzidas sobre o tema nos últimos 10 anos buscamos artigos científicos nas plataformas Google Acadêmico, No que se refere aos estudos que buscam aferir o que mobiliza os jovens a irem para escolar e estudar, foi possível perceber que todos eles indicam que os jovens, em sua maioria, vão para a escola pois desejam ingressar no ensino superior e conseguir uma boa posição no mercado de trabalho (TOMAZETTI et al, 2011;DAYRELL, REIS e LEÃO, 2011;PEREIRA e LOPES, 2016;FREITAS, BATISTA e MELLO, 2017;ANDRADE, 2017). Dessa forma, na visão dos jovens participantes das pesquisas, a escola seria um espaço privilegiado para a realização dos sonhos da juventude.…”

“…Além disso, há uma predominância de estudos que investigam os jovens estudantes do ensino médio, sendo o estudo de Andrade (2017) o único que investigou alunos do Ensino Fundamental II. Ambos os fatos reafirmam a importância do presente estudo que utiliza a metodologia quantitativa, com aplicação de questionário, para investigar a relação jovens do 9° ano do Ensino Fundamental com a escola, etapa pouco pesquisada no campo da juventude e da educação no país.…”

“…A maioria dos alunos das escolas públicas (80%) acredita que a sua escola tem uma infraestrutura intermediária. Considerando a importância da dimensão infraestrutura para a construção de um clima escolar positivo destacada por diversos autores, assim como os estudos sobre eficácia escolar desenvolvidos no Brasil que mostram como o ambiente físico e a existência de recursos no ambiente escolar pode impactar no desempenho dos alunos (ALBANEZ; FERREIRA; FRANCO, 2002;ANDRADE;LAROS, 2007), esses achados trazem indicativos importantes sobre a necessidade de refletirmos sobre as diferenças de recursos ofertados nas instituições do país.…”