“…Não por acaso, parte da literatura nacional sobre relações raciais começa a realçar a relação entre identidade, corpo, estética e política, identifi cando os cabelos crespos como alvo destacado da discriminação racial e, portanto, um dos mais importantes símbolos de valorização da identidade negra. Conforme ressalta o trabalho pioneiro de AngelaFigueiredo (1994), os salões de cabelereiros começam a ser tematizados enquanto espaços alternativos de produção simbólica, de contraposição a representações dominantes sobre a beleza, estimulando pesquisas a atentarem para essas dinâmicas em distintas cidades do país, como Belo Horizonte(Gomes, 2003), São Paulo(Santos, 2000), Rio de Janeiro(Fry, 2007) e Salvador(Figueiredo, 1994(Figueiredo, , 2002. Desse modo, o tema da estética passa a ser mais amplamente compreendido não apenas como um mero aspecto relativo à aparência, mas como um aspecto estruturante de formas de engajamento político negro.3 Dados do IBGE revelam que, entre 2004 e 2014, houve um aumento de 16,7% para 45,5% de estudantes negros (Negros…, 2016).…”