O Direito De Estudar O Indígena: Sedução, Estranhamentos E Diferença Em Salas De Aula

Abstract

RESUMO: Este artigo trata de forma arrazoada do campo de atuação da Lei nº 11.645/08, a lei de obrigatoriedade do ensino indígena, aplicada no Estado do Rio de Janeiro. Irei analisar escolas da rede pública e um instituto de aplicação que contempla projetos acerca da lei e a produção de materiais didáticos sobre povos indígenas. O artigo não trata de um método comparativo entre as instituições nem de uma amostragem de métodos didáticos para a aplicação da lei que “funcionam”. Entender o conflito, a sedução e os estranhamentos quando mundos indígenas são apresentados a crianças é um dos pontos centrais deste artigo.

Representações sociais de futuros professores a respeito da questão indígena

“…Estudante GMG (20 anos, Termo C): As professoras entregavam o desenho de um índio para colarmos no caderno. ' Além de ser um resultado que também já foi encontrado em outras investigações (CUNHA, 2008;SILVA, 2012;RUSSO;PALADINO, 2016), é importante destacar, conforme citado anteriormente, que tal problemática também decorre da falta de materiais didáticos e de apoio adequados, da baixa qualificação e da insuficiência de conhecimentos a respeito das culturas e histórias africana e indígena, visto que os professores, em sua maioria, não tiveram formação sobre a temática (SANTOS, 2001;OLIVA, 2003;PINHEIRO;ROSA, 2018;LOPES, 2019).…”

“…Portanto, apesar de avanços em alguns contextos (ÂNGELO, 2019;FREIRE;SILVA, 2019;LOPES, 2019), fica claro que é preciso redobrar os esforços, particularmente na educação, na implementação efetiva da Lei n.º 11.645/2008, de maneira que a representação social do indígena brasileiro possa ser ressignificada. Há multiplicidade de trabalhos sendo feitos com esse propósito na escola, mas conforme afiança Lopes (2019) as abordagens muitas vezes ainda refletem uma visão bastante eurocentrada na forma de ensinar conceitos não humanos e sagrados indígenas, além da pequena participação de autores indígenas, o que já evidenciavam estudos anteriores produzidos por autores ameríndios do norte e sulamericanos (BANIWA, 2006;BANIWA, 2017;TAIAIAKE, 2009apud LOPES, 2019.…”