O desenvolvimento mais sustentável da região amazônica: entre (muitas) controvérsias e o caminho possível

Abstract

A Amazônia sempre despertou grande interesse da humanidade. Nas últimas décadas esse interesse aumentou substancialmente em virtude de crescentes preocupações com a sustentabilidade ambiental e os riscos impostos pelas mudanças climáticas. Esse contexto, juntamente com o baixo nível socioeconômico da população amazônica, o reduzido aproveitamento do potencial produtivo local e a intensa depredação do meio ambiente requer a definição urgente de um caminho possível de desenvolvimento mais sustentável para a região. O artigo busca contribuir com esse desafio. Nesse sentido, procura extrair lições de propostas potenciais que têm sido apresentadas para atingir o desmatamento zero e melhorar as condições de vida da população regional, por exemplo, “floresta em pé”, extrativismo vegetal, bioeconomia e a riqueza da biodiversidade. Além disso, considera as diferentes realidades existentes na região, as políticas e marcos regulatórios em vigor, o estoque tecnológico disponível, a disponibilidade de assistência técnica, as experiências de desenvolvimento, e a heterogeneidade estrutural, socioeconômica e produtiva dos estabelecimentos rurais. Argumenta-se que a dimensão e a pobreza da região, a heterogeneidade do bioma, a especificidade de cada Estado com sua história, economia, aspectos sociais e políticos recomendam tratamento diferenciado. Ademais, advoga-se que o aumento sustentável da produtividade agrícola, a domesticação dos recursos da biodiversidade, o nivelamento tecnológico, a expansão da piscicultura, a aceleração da transição florestal e o aumento da presença do Estado na região amazônica para coibir os ilícitos deveriam ser parte da estratégia a seguir.

Limits and Possibilities of Vegetable Extraction in Extractive Reserves in the Amazon

“…Additionally, plant and animal extractivism is the reason and cause of regional delay, as it is based on the availability of natural resources and belief in their inexhaustibility [17]. In practice, low productivity, exhaustion, and secular passivity have led to an extractive crisis in RESEXs [31].…”

“…Similarly, farmers in the Amazon are not averse to innovation, provided they have markets, profits, increased agricultural productivity, the ability to domesticate potential plants, replacement for export (internal and external) of tropical products (rubber, palm oil, cocoa, rice, milk, poultry, eggs, vegetables, and so on), and recovery of areas that should not have been deforested [16]. Moreover, the management and domestication practices of crops or rearing should be developed and even evolve toward the discovery of synthetics (synthetic rubber, artificial juices, synthetic vanilla, plastic wood, and industrial yarns) [17].…”

Mudança de paisagem na mesorregião Sudeste Paraense: coevolução com a pecuária bovina e os projetos de assentamentos

“…No caso de Paragominas, Ulianópolis e Dom Eliseu, estes foram listados entre os dez municípios com maiores incrementos de desmatamento acumulado, variável que não veio acompanhada de um aumento no rebanho bovino. O efetivo animal nesses municípios reduziu pela metade em relação ao seu auge e isso se explica pela inserção de novas atividades na matriz produtiva, como o cultivo agrícola mecanizado de grãos, com conversão de áreas, tanto florestais quanto de pastagem, passando do processo de "pecuarização" para o de "agriculturização" (BARRETO; ARAÚJO, 2012;HOMMA et al, 2020). Esse cenário também está relacionado ao aumento da fiscalização ambiental nas fazendas e frigoríficos desses municípios, principalmente em Paragominas, devido à pressão sofrida pelos altos índices de desmatamento, o que favoreceu a migração de pecuaristas para outras áreas dentro e fora do Estado.…”

“…Essa associação dos projetos de assentamentos com o desflorestamento foi relatada, de forma mais local e específica em alguns trabalhos, sobretudo nos municípios de Marabá e Eldorado do Carajás, em que os autores descrevem que a perda de cobertura florestal aumentou juntamente com as classes relacionadas às atividades agropecuárias, como pastagem e agricultura de ciclo curto (CASTRO; WATRIN, 2013;HOMMA, 2020;AMORIM et al, 2020).…”

A contribuição da bioeconomia ao desenvolvimento sustentável na Amazônia: uma análise cienciométrica

“…Bergamo et al (2022) também concordam que territórios como a Amazônia estão no centro dos debates mundiais sobre as mudanças climáticas, preservação e conservação da biodiversidade a exemplo da Floresta Amazônica, considerada uma região central e estratégica para a manutenção da biodiversidade. Neste sentido a Amazônia possui elevado potencial ambiental para os territórios de nove países da América do Sul, sendo que grande parte de sua extensão de 6,4 milhões de quilômetros quadrados, estão situados em território brasileiro (Homma et al, 2020).…”