“…No entanto, a superfície cerâmica , é o espaço das vasilhas onde as oleiras expressam os símbolos e as mensagens de forma mais explicita e que, do ponto de vista arqueológico, permite ao pesquisador evidenciar as diferenças de padrões mais "concretamente". As cerâmicas Guarani são bastante padronizadas, permitindo-se pensar este tipo de vestígio da cultura material como um indicador da normatividade e rigidez prescritiva (Noelli 1993), embora saibamos que as regras de confecção e expressão foram usualmente reelaboradas ao longo da história Guarani (Monticelli 2007 Shepard (1986Shepard ( [1956: 213-224) sugere, com base na coloração do núcleo da pasta cerâmica, dois tipos de ambientes de queima em que a cerâmica esteve exposta quando do fabrico da mesma: esfera oxidante -quando ocorre a queima da vasilha a uma temperatura maior que 700-750°C, o que queima as moléculas de carbono e transforma óxido de ferro em ferro, resultando em uma coloração clara e homogênea na pasta cerâmica -e , esfera redutora -quando ocorre a queima da vasilha a uma temperatura menor que esta indicada, prendendo as moléculas de carbono em seu interior, gerando uma coloração escura ou heterogênea, com núcleo ou alguma superfície com coloração preta ou acinzentada. Esta sugestão foi tomada como premissa básica em dezenas de trabalhos no Brasil, em que quando ocorre predomínio de pasta com coloração escura ou heterogênea sugere-se fabrico de cerâmica em forno aberto, enquanto que, sugere-se forno fechado, quando predominam pastas cerâmicas com coloração clara e homogênea (Robrahn-Gonzalez 1988, Jacques 2007 de superfície externa e externa, entre os outros atributos analisados, mas demonstrando serem bem típicas da cultura Guarani, estando dentro dos padrões "esperados" para esta cultura.…”