Resumo: Este estudo teve como objetivos conhecer a condição de educação e trabalho das jovens que vivenciam a maternidade precoce e estabelecer uma relação entre gravidez adolescente e abandono escolar, comparando a realidade educacional e de trabalho de jovens mães de comunidades da Bahia e Sergipe. Para tanto, foram realizadas visitas domiciliares à oitenta adolescentes gestantes ou mães em comunidades carentes das duas capitais. Os resultados apontaram que mais da metade já estavam fora da escola quando engravidaram, e muitas deixaram a escola após saber da gestação. Poucas continuavam os estudos, mesmo tendo uma rede de suporte favorável. A maioria das adolescentes não trabalhava antes de engravidar, algumas passaram a trabalhar após a maternidade, a maioria exercendo atividades domésticas. Pode-se supor que a educação não esta vinculada à cultura dessas comunidades. O valor social da mulher se restringe ao exercício da maternidade, valorizado no grupo, e que Ihe institui 0 status de adulto. A maternidade precoce, portanto, denota ser mais uma consequência do abandono social a que as jovens de classe baixa estão sujeitas do que provocadora de uma exclusão.
Palavras-chave:Maternidade. Adolescência. Escolarização. Trabalho.
INTRODUÇÃOA adolescência, mesmo sendo um tema tratado nos meios acadêmicos desde o início do sé-culo XX, nunca suscitou tantas pesquisas como nas últimas décadas, sendo objeto de estudo das ciências da saúde e da educação, na busca de compreender as várias nuances dessa fase do desenvolvimento.Hoje, pensa-se e fala-se sobre adolescên-cia em todos os segmentos da sociedade. As mudanças que ocorreram nas estruturas familiares e na sociedade como um todo tornaram mais visí-veis algumas das difíceis questões que abarcam tal tema. A adolescência é, em geral, relacionada a conflitos e dificuldades, seja na família, na escola e nas demais instâncias da sociedade, e por isto tornou-se objeto de estudos que buscam conhecer e explicar os seus determinantes 1 .Fávero e Mello 2 definem que muitas das alterações ocorridas no contexto sócioeconômico no século XX, e as conseqüentes mudanças nas concepções de família, de criança, de juventude, de educação de filhos, interferiram diretamente no comportamento dos indivíduos e, mais efetivamente, no dos jovens. Os pais já não têm tanta clareza das normas e valores que norteiarn as relações familiares e o ambiente sócioeconômico cada vez exige mais adequação às necessidades mercadológicas.Essa instabilidade promove o aumento da insegurança, da dúvida, do questionamento, da quebra dos valores, já tão presentes na adolescência, ao mesmo tempo que distancia a autonoRefere-se ao Art. de mesmo nome, 14(2), [16][17][18][19][20][21][22] 2004