INTRODuÇÃOO advento de novas tecnologias de saúde como fármacos (p.ex. imunobiológicos), equipamentos médicos (p.ex. grampeadores para cirurgia), exames diagnósticos, entre outros, causaram impacto nos indicadores clínicos e econômicos. Nesse cenário, a importância de estudos que conjuguem estes elementos provém não de justificativas acadêmicas ou políticas, mas sobretudo, da constatação de que os gastos com saúde vêm crescendo em ritmo acelerado, podendo afetar a sustentabilidade dos sistemas de saúde (17) .Em âmbito mundial, os sistemas de saúde, na tentativa de melhorar a eficiência, a expansão da oferta e cobertura, e incorporar novas tecnologias que sejam comprovadamente eficazes e seguras, vêm adotando estratégias de monitoramento e avaliação da assistência, utilizando-se de instrumentos oriundos da economia da saúde e da epidemiologia clinica (15) .Considerando o jargão técnico da área, a eficácia considera o benefício no contexto artificial dos experimentos clínicos, a efetividade diz respeito ao benefício observado no mundo real do dia-a-dia do indivíduo, enquanto a eficiência se refere ao benefício ponderado pelo custo frente às opções terapêuticas existentes.A eficiência avaliada pelo estudo de custo-efetividade é um instrumento de análise de valor das intervenções em saúde. O método busca preencher a lacuna existente entre as preferências (subjetividade) e a ciência (objetividade, validade, reprodutibilidade). Nesse contexto, o conceito de "valor" deve ser compreendido numa concepção ampla, referindo-se às preferências que um indivíduo ou sociedade apresentam face a escolhas mutuamente excludentes, não apenas a quantia em dinheiro trocada na aquisição de bens ou serviços. Traduzir valor para uma dimensão apenas financeira não constitui bom caminho para as sociedades e muito menos para as ações de saúde. Oscar Wilde, no século XIV já mencionava: "O que é um cínico? Um homem que conhece o preço de qualquer coisa, mas não sabe o valor de nada". Em contrapartida, não se pode deixar de considerar que o custo das novas tecnologias tem que ser gerenciado, sob o risco de penalizar o próprio segmento e outras áreas de interesse social (8) .A seleção de uma opção terapêutica é problema cientifico e deve guiar-se pelo estado de arte e nível de conhecimento profissional, embora na tomada da decisão de utilização do uso de uma tecnologia estejam envolvidos aspectos políticos, sociais, éticos e mesmo culturais. E, hoje, os aspectos econômicos são absolutamente fundamentais. Ademais, à medida que a demanda no Sistema Único de Saúde (SUS) aumenta e os recursos tornam-se cada vez mais escassos, o próprio sistema de saúde, bem como os profissionais da saúde têm de reexaminar os benefícios e custos de suas ações para assegurar que haja uma implementação efetiva das intervenções (8) .Tendo em vista a importância de investigações acerca do "valor" das intervenções de saúde, da