Medicina, educação e gênero: as diferenciações sexuais do suicídio nos discursos médicos do século XIX

Abstract

Por meio deste artigo, analiso as diferenciações sexuais, constantes e recorrentes em discursos médicos do século XIX, entre o suicídio cometido por homens daquele cometido por mulheres. Busco a base utilizada para sustentar tal diferenciação, problematizo a possibilidade de pensar a diferença entre um modo masculino e um outro feminino de se suicidar, destacando, nesse processo normatizador, o papel atribuído à Educação e sua tarefa preventiva.

Suicide attempts by exogenous intoxication among female adolescents treated at a reference hospital in the city of Recife-PE, Brazil

“…Among the 21 adolescents surveyed, 6 (31.6%) had previously attempted suicide and the method chosen most was poisoning (Table 3). poisoning, seeking a "slower and sweeter" form of death (25,26) . The results of the present study corroborate the statements of a number of authors regarding self-intoxication as the method generally used by female adolescents during a suicide attempt, involving the ingestion of medication or poisons and allowing a greater possibility of being saved (1,7,17,27,28) .…”

Tentativas de suicídio e suicídio em município de cultura pomerana no interior do estado do Espírito Santo

“…No que se refere aos meios utilizados, Lopes 25 , ao analisar as diferenciações sexuais constantes e recorrentes em discursos médicos do século XIX, entre o suicídio cometido por homens e mulheres, destaca que pelo que parece as escolhas e os meios utilizados para se dar à morte é um importante fator para se compreender a constituição do suicídio entre homens e mulheres, pois traria em si os signos da masculinidade e da feminilidade. Nesse sentido, os homens prefeririam se suicidar utilizando a estrangulação, a arma de fogo e as chamadas armas brancas, enquanto as mulheres prefeririam a asfixia por carbono, o envenenamento e a queda de um lugar mais elevado, visto buscarem uma morte mais "lenta e doce".…”

As Noivas Vermelhas

“…Desejamos lançar nossa discussão a partir de outra vertente, ou seja, abordar como a tentativa de suicídio feminina é desqualificada nas suas possíveis significações e, geralmente, retratada como ato de fraqueza. O discurso médico sobre o suicídio foi analisado de forma oportuna por Lopes (2007) para nosso propósito. O autor aborda os discursos médicos no Brasil e na França durante o século XIX e a consequente construção das diferenças entre sexos e sua relação com o suicídio.…”

“…Em segundo lugar, uma articulação rígida entre este suposto par de opostos masculino-feminino com o evento do suicídio. Lopes (2007) observa o problema de uma perspectiva distinta e, assim, faz uma inversão sobre a própria questão para compreender o pensamento científico sobre o suicídio. Ou seja, ele não indaga sobre os motivos porque as mulheres apresentam maiores taxas de tentativas de suicídio e menores taxas de óbitos por suicídio.…”